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    Luciana Coelho

    'Vikings' distrai até séries clássicas voltarem

    DE SÃO PAULO

    21/12/2014 02h00

    Fãs em CRISE de abstinência até a volta de "Game of Thrones", em abril do próximo ano, ou saudosos da finada "Roma" podem tentar suprir a carência com o drama de aventura "Vikings", do History Channel, cujas duas temporadas foram disponibilizadas na Netflix e uma próxima acaba de ser anunciada nos EUA para fevereiro.

    Não espere a mesma sofisticação de roteiro –além de boa aventura, "Game of Thrones", afinal, é um bem afinado drama político. Tampouco a quantidade de sangue e o sexo da série da HBO (aqui, as pessoas fazem sexo vestidas e cortam cabeças sem exibi-las às câmeras).

    Divulgação
    Ao centro, Travis Fimmel, o Ragnar Lothbrok, em cena de 'Vikings
    Ao centro, Travis Fimmel, o Ragnar Lothbrok, em cena de 'Vikings'

    Mas, com apelo histórico e mitológico farto, cenas de batalha produzidas com competência e uma saga bem construída reunindo uma fieira de personagens quase comparável à da prima rica, "Vikings" cumpre bem o papel de entreter.

    A série acompanha a ascensão do rei Ragnar Lothbrok (o australiano Travis Fimmel), figura frequente em lendas e na tradição nórdica como conquistador de porções do que hoje é a Inglaterra e a França.

    Obcecado por construir um barco e navegar rumo ao oeste, Ragnar acaba subvertendo a ordem vigente em um período da Idade Média em que tudo na Europa colapsava.

    Com um elenco majoritariamente masculino, "Vikings" traz poucas caras conhecidas –as exceções são Donal Logue, de "Gotham", como um rei, e o veterano Gabriel Byrne, de "In Treatment" e do filme "Os Suspeitos", como um nobre– e interpretações sinceras.

    A ação, porém, compensa qualquer deficit, bem como a interessante reconstrução da época e do dia a dia dos vikings, uma sociedade de nômades e guerreiros/navegadores da qual se tem muito menos registro do que, por exemplo, gregos e romanos (a produção é de Michael Hirst, nome por trás de dramas históricos como "Os Tudor").

    Nos EUA, a série teve boa audiência, apesar de ser produção mais modesta para os padrões da nova-era-de-ouro-da-TV, e passou semanas em primeiro lugar da lista de mais baixadas do iTunes.

    Articulistas americanos explicaram o sucesso como um contraponto à onda de anti-heróis modernos que varre a TV dos EUA desde que Tony Soprano sentou-se para fazer terapia em "Família Soprano", da HBO, em 1999.

    Faz sentido. Ragnar, afinal, é um herói clássico, ainda que em tempos violentos, com ideais e habilidades que o distinguem positivamente de seus pares selvagens.

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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