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    Luciana Coelho

    Nova 'Kevin From Work' aposta em amor na firma

    22/08/2015 17h04

    Quem nunca se interessou, platônica ou concretamente, com final feliz ou nem tanto, por um/a colega de trabalho? E quando, por algum motivo, o romance desanda —ou nem anda— e você é obrigado a lidar com o(a) dito(a) cujo(a) diariamente, sob olhares alheios?

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    Paige Spara (Audrey) e Noah Reid (Kevin) em cena da série "Kevin from Work", da qual são protagonistas
    Paige Spara e Noah Reid em cena da série "Kevin from Work", da qual são protagonistas

    É no poder dessa identificação praticamente inevitável entre espectador e protagonista que aposta a nova "Kevin From Work" (Kevin, do trabalho), comédia romântica que a rede ABC Family estreou nos EUA no último dia 12 em horário nobre.

    Como se trata de canal "família", não espere nada ousado (sem amor entre irmãos desta vez) nem que fuja dos arquétipos e estereótipos bem estabelecidos pelas séries-de-escritório. Infelizmente, a acidez desse subgênero consagrado em "The Office" (2005-13 na versão dos EUA) parece também ter ficado de fora.

    A premissa é boa. Kevin (Noah Reid, ator de timing cômico ok e rosto esquecível na medida para o papel) consegue um emprego na Itália e, após beber demais na sua despedida, escreve uma carta (!) declarando amor a Audrey, colega com quem dividiu a baia por três anos (a novata Paige Spara, muito esforçada em emular Zooey Deschanel).

    O contrato, porém, é desfeito antes de ele viajar. O pobre se vê obrigado a pedir o velho emprego para a chefe destemperada (Amy Sedaris) e, consequentemente, a encarar a paixão platônica, comprometida com um bonitão vazio (Matthew Florida), após ter se revelado para ela.

    Na vã tentativa de recuperar a carta antes que Audrey possa lê-la, Kevin acaba se envolvendo com a ansiosa roommate da moça, Patti (Punam Patel). Para compor o quadro clássico de comédia de erros, somam-se ainda a irmã maluquinha dele (Jordan Hinson), o melhor amigo (Matt Murray) e o colega enxerido esquisitão (Jason Rogel).

    Se você não reconheceu nenhum nome de ator, o problema não é seu, é da série e dos produtores.

    Afinal, com a concorrência acirrada, é quase impossível hoje encontrar um título sem uma estrela conhecida para fisgar o público. Se isso ocorre, espera-se que o elenco apresente talentos promissores ou magnificamente sintonizados (vide "Friends" em 1994). Não parece o caso aqui, mas esperemos.

    Os nomes de peso de "Kevin From Work" estão atrás das câmeras.

    Barbie Adler, a criadora, assina a ótima "Arrested Development" e coproduziu as divertidas "How I Met Your Mother" e "My Name is Earl". O diretor, McG, pilotou a versão cinematográfica de "As Panteras" (2000) e uma longa lista de clipes.

    Parece faltar aos dois, porém, a agilidade de suas outras empreitadas. "Kevin" é previsível, quase infantil, e ainda não achou seu público. Os 583 mil espectadores do piloto, pouco para o padrão americano, desabaram 37% no segundo episódio (os dados do terceiro não saíram até a conclusão desta edição).

    Há mais sete nesta temporada, e o casal central tem algum potencial de carisma para melhorar a performance. Caso contrário, "Kevin" deve ter o mesmo destino mental das relações esquecíveis: aquele em que o melhor sorriso possível é amarelo.


    "Kevin From Work" está disponível nas lojas norte-americanas do iTunes e da Amazon Prime

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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