• Colunistas

    Tuesday, 07-May-2024 10:47:48 -03
    Luciana Coelho

    'Blindspot' acerta no ritmo para tentar ser a herdeira de '24 Horas'

    03/10/2015 17h04

    Memória, e não a falta dela, é o mote da nova "Blindspot", série exibida nos EUA pela NBC e que o Warner Channel estreou no Brasil na última terça (29) para uma primeira temporada de oito episódios.

    Sim, a protagonista é apresentada nua e só, coberta de tatuagens recentes, cheia de habilidades especiais que pressupõem um treinamento militar barra-pesada e nenhuma lembrança (o nome do seriado, "ponto cego", alude ao que não se vê imediatamente na moça e em sua história). Assim como os de muitas outras séries, filmes e livros, ok.

    Mas é preciso ir além da cena inicial com cara de videoclipe que boa parte dos críticos tem repisado para ver a graça desse thriller de ação.

    O tema central, as lembranças, perpassa não só a protagonista em sua amnésia aparentemente programada por um vilão ou cúmplice como também outros personagens cujas memórias são uma assombração constante, do agente do FBI que perdeu a amiguinha de infância ao piloto militar traumatizado após uma operação com "drones" que terminou por matar civis.

    (Há pitadas saudáveis de crítica política, indispensáveis hoje em dia pelo bem da verossimilhança.)

    A heroína é interpretada por Jaimie Alexander, de "Thor", cuja beleza impressiona mais do que o talento. Ela é Jane Doe -nome dado nos EUA a mulheres não identificadas, nossa "joana-ninguém"-, aparentemente uma agente especial que é alvo de um experimento com memória (alô, "Identidade Bourne").

    Em seu corpo tatuado, estão as pistas para elucidar uma sequência de crimes que ainda está por ocorrer e a motivação de seu algoz. A primeira é o nome do agente do FBI Kurt Weller (Sullivan Stapleton), que a ajudará a desmontar o enigma.

    Aí entra a memória para a qual a série de fato apela: a conexão afetiva do espectador com a irresistível brincadeira infantil de caça ao tesouro, que serve para construir o clímax para os episódios seguintes.

    Funciona. Com a direção rápida de Mark Pellington, que se valeu de sua experiência com videoclipes e com o bom suspense "O Suspeito da Rua Arlington" (1999), "Blindspot" ganha um ritmo de "Blacklist" e "24 Horas". Só não espere a precisão milimétrica do roteiro desta última em seus melhores anos.

    Não há nada errado em não tentar reinventar a roda, afinal, nem toda série precisa transcender. Mas é preciso que a execução seja precisa e que os "cliff hangers", a deixa que nos leva a querer assistir ao próximo episódio, não se desgastem.

    Por ora, em plena temporada de estreias nos EUA, a audiência americana aprovou, somando 10,6 milhões de espectadores na primeira exibição do piloto e 9,1 milhões no segundo episódio, líder no horário.

    Com duas semanas, vale por as fichas no diretor e no produtor Martin Gero (de "Bored to Death", série da HBO com Jason Schwartzman e Zach Galifianakis exibida de 2009 a 2011) mais que no elenco titubeante ou na premissa. A aposta é boa.

    "Blindspot" é exibida no Brasil pelo Warner Channel às terças, 22h30, com reprises durante a semana

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024