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    Luciana Coelho

    Drama 'Billions' aposta em guerra de egos

    05/02/2017 02h00

    Em meio a tantas séries sobre política, um drama que trata do jogo de poder no mercado financeiro sobressai: é "Billions", produção do canal americano Showtime cuja segunda temporada estreia no Brasil no próximo dia 20 na Netflix, um dia depois de estrear nos EUA.

    Os movimentos de megainvestidores, os altos e baixos da Bolsa e a regulação dessas operações são um pano de fundo eficiente para aquilo que move a série: o antagonismo voraz de dois homens cuja genialidade em suas respectivas áreas só se equipara ao tamanho de seus egos, capazes de esmagar quaisquer limitações legais ou éticas a suas ações.

    O promotor federal Chuck Rhoades (Paul Giamatti, de "Sideways" e "John Adams") e o dono de fundo de investimento Bobby "Axe" Axelrod (Damian Lewis, o Brody de "Homeland") repelem-se como pólos iguais de ímãs de magnetismo extraordinário.

    Jojo Whilden/Divulgação
    Damian Lewis (Bobby Axe) e Paul Giamatti (Chuck Chuck Rhoades) em cena da primeira temporada da serie Billions, que estreia em 2016. Foto: Jojo Whilden/Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Os atores Damian Lewis (à esq.) e Paul Giamatti em cena da série "Billions"

    Em torno do primeiro, gravitam juízes, promotores e funcionários de agências regulatórias responsáveis por manter o funcionamento do mercado o tão transparente quanto possível. Em alguns casos, estão imbuídos de senso de justiça; em outros, sedentos de crédito e reconhecimento.

    Em torno do segundo, orbita muito dinheiro e um dos principais fundos de investimentos de alto risco do país, moldado para ampliar ganhos em eventuais crises (e não raramente o precipitador de quebradeiras). O objetivo é ganhar dinheiro ao máximo, aproveitando-se de eventuais brechas legais. Reconhecimento, aqui, também é um motor central.

    No meio deste cabo de guerra, ora assistindo ora puxando um dos lados, está a mulher de Rhodes, a terapeuta Wendy (Maggie Siff, que interpretou a herdeira Rachel em "Mad Men"), que dá expediente na firma de Axe e é também a responsável por motivar a equipe -inclusive o CEO, com quem desenvolve uma amizade franca.

    É necessário um tanto de disposição para entender os diálogos recheados de termos legais e financeiros. Nada, porém, diferente do que se exige de atenção ao sistema político americano para assistir a "House of Cards" (a comparação não é fortuita): ajuda; no centro, contudo, fica o embate de egos em jogo de gato-e-rato que rende boas obras de ficção desde sempre.

    "Billions" é do ano passado e, embora fictícia, incorpora muitos dos elementos que levaram ao colapso financeiro de 2008/9.

    Entre seus criadores está o jornalista Andrew Ross Sorkin, dono de uma excelente coluna no "New York Times" e de um programa de TV na CNBC sobre o mercado financeiro e autor de um dos livros mais importantes sobre a crise mais recente, "Too Big Too Fail" (transformado no filme "Grande Demais para Quebrar", porém sem edição no Brasil).

    Mas sua atualidade, a trama que volta constantemente ao conflito de interesses e ao culto ao ego sobretudo no mercado financeiro (e não só nele), parece perene no noticiário, povoado de Eikes e Donalds.

    *

    A segunda temporada de "Billions" estreia na Netflix em 20 de fevereiro, com episódios semanais

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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