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    Lúcio Ribeiro

    Vai embora, Neymar. Parte 11

    DE SÃO PAULO

    08/01/2013 03h12

    haha.

    É claro que o título é nossa primeira provocação de 2013 (aliás, feliz ano novo!).

    E, sim, é óbvio ainda que de certa forma acho louvável o craque santista permanecer no país, uma ratificação da "força do futebol brasileiro", do fim da síndrome de vira-lata que o Brasil tinha (?) perante os malignos mercados europeu, chinês, árabe, que sempre cobiçam nossos craques.

    Mas tem um outro lado que grita quando a gente assiste a uma premiação dessas de melhor jogador do mundo da Fifa, como a que aconteceu ontem.

    Retomando a mastigada tese de que Neymar precisa se aperfeiçoar, ser lapidado, joia rara que é, Mundial no ano que vem no Brasil e tal, sou um tremendo defensor de que seria útil à nação (sorry, santistas) ele ir botar sua genialidade à prova em campeonatos mais duros, de alto nível, como esses gringos importantes que são mostrados à exaustão na TV brasileira, das pagas até a Globo.

    Mesmo com TV, tecnologia e tudo o mais, somos nós aqui, mais do que ninguém, que sabemos o quanto Neymar joga e do que ele é capaz com a bola.

    Ao pararmos para assistir a premiação da Bola de Ouro, em que Neymar foi "a passeio" e na qual Messi deveria ser tratado como hors-concours de uma vez, o mundo parece não saber direito.

    Neymar foi considerado, pela votação que envolveu treinadores e capitães de seleções do mundo todo, "apenas" o 13º principal jogador de futebol da Terra, atrás de Xabi Alonso (Real Madrid) e Yayá Touré (Manchester City).

    E graças a votos vindos de representantes da Somália, Camboja, Vanuatu, Sri Lanka.

    O 2013 oficial de Neymar, até a Copa das Confederações chegar, até o Brasileirão chegar um pouco antes, vai ser enfrentar zagueiros do Paulistão e os de times da Copa do Brasil em suas primeiras fases de jogos desnivelados.

    Enquanto isso, Lucas, ex-São Paulo e vendido ao Paris Saint-Germain, só para ficar no quesito "novos craques do Brasil", no mês que vem já deve estar encarando a fase mata-mata da Champions League, criando uma certa casca em seu futebol que pode ser útil em suas pretensões futuras de seleção.

    Ronaldo Fenômeno, que passou boa parte de sua carreira fora, ganhou três vezes a Bola de Ouro, venceu Copa do Mundo e é o maior artilheiro da história das Copas, disse ontem que, se Neymar fizesse na Europa 50% do que ele já fez no Santos, estaria entre os melhores na premiação.

    Para ele, é triste ver que não tem nenhum brasileiro concorrendo ao prêmio, numa época em que a seleção ocupa o vexatório 18º lugar no ranking da Fifa.

    A baixa autoestima do futebol brasileiro, exemplificada pelas declarações de Ronaldo, talvez seja a maior inimiga desta "retomada" da família Scolari na arrancada rumo a competições tão importantes em solo nacional.

    E ver o Neymar, que aqui no Brasil é hors-concours em premiação, ficar atrás do Yayá Touré aos olhos mundiais não ajuda em nada o nosso astral.

    lúcio ribeiro

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.

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