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    Lúcio Ribeiro

    SuperVerdão contra o baixo astral

    DE SÃO PAULO

    26/02/2013 03h05

    Quando o Leandro (quem?) marcou o gol do Palmeiras no finalzinho, domingo, arrancando a camisa e saindo em desabalada carreira pelo Pacaembu, a motivação dele foi pessoal, tenho certeza. Não acho que o recém-chegado tivesse a real dimensão do que estava acontecendo. Que o seu ato tresloucado, num jogo besta de Paulista, refletia um estado de espírito que era como se os mais de 20 mil palmeirenses no estádio corressem sem camisa e sem direção definida com ele.

    Foi o gol "Sai, Zica", do descarrego. Há muito tempo afundado numa maré de azar de dar medo (bote na conta do "azar" as centenas de erros administrativos, as mazelas políticas e torcida intolerante), o Palmeiras começa a respirar sem doer.

    Eu sei que o título desta coluna lembra filme da Xuxa. Mas, depois do longo e mais severo inverno que um time de futebol no planeta pode amargar (o rebaixamento de divisão no Nacional enquanto o maior rival é campeão mundial), ele aponta que o alviverde surge de novo.

    Não imponente, como no hino, nem sabendo "bem o que vem pela frenteeeee", mas o Palmeiras passa a chamar a atenção não só pelas notícias ruins.

    Dramalhão à italiana à parte, o importante gol do Leandro, um dos que vieram na troca com Barcos (lembra o Barcos?), decretou o sétimo jogo de uma invencibilidade inédita nos últimos tempos. Incluem-se aí uma vitória em estreia de Libertadores e um empate "hercúleo" com os tais rivais-campeões-mundiais. Eu, como simpático às cores, não lembro qual a última sequência desse naipe. PVC, me ajude.

    Não que um gol desses do Leandro, que em jogada anterior saiu com a bola dominada pela lateral, seja mesmo tão importante, em um torneio como esse. Mas é sinalizador de que algo mudou. Minutos antes, num ataque do Barbarense, um palmeirense foi aliviar, chutou no pé do inimigo, e a bola quase entrou a suas costas. O "normal", baseado no passado recente, era essa bola contra entrar. E a favorável não.

    Com uma diretoria nova, um apanhado de jogadores que ainda não é exatamente um time, um volante e um zagueiro de artilheiros, um técnico em fase de testes num clube que não pode se dar o luxo de testar, uma torcida para lá de um ataque de nervos e sem zero ídolo, o Palmeiras dá indícios de que tem jeito.

    Um resultado que não a derrota na quinta no Paraguai, na Libertadores, daria outra semana de sossego para o time seguir em sua reconstrução rumo à paz.

    Porque, vou confessar, não aguentava mais largar mulher, família e sono para me reunir com amigos "iguais" numa mesa de bar para discutir a "crise da hora". Como aquela da venda do Barcos, em plena sexta, que nos fez varar a madrugada.

    Se for para se reunir de modo extraordinário, agora, que seja para combinar a viagem ao Marrocos, para o jogo contra o Milan. Hein?

    lúcio ribeiro

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.

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