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    Lúcio Ribeiro

    Herói

    DE SÃO PAULO

    07/05/2013 03h00

    Debati com um amigo o gol marcado por Ronaldinho contra o São Paulo no Morumbi, de cabeça, que àquela hora empatava a complicada partida para o Galo e encaminharia o time mineiro à vitória.

    A questão não era se o gol tinha sido bonito ou não. E sim se foi um ato de craque "fora do comum" surgir naquela confusão na área, onde altura e cabeceadas não são seu forte, e mandar a bola de testa para o outro lado do gol, deixando inertes zaga e Rogério, um olhando para a cara do outro, vendo a bola morrer na rede. Ou teria sido sem querer querendo como o seu gol discutível mais famoso, de falta, contra a Inglaterra, no Mundial de 2002?

    Essas questões, relevantes para mim e meu amigo, pouco importam à torcida do Atlético-MG, que vê em Ronaldinho um herói, capaz de aparecer em situações difíceis para salvar um momento, um resultado, uma classificação, um campeonato.

    Eu sei que esta coluna anda desanimada com o futebol brasileiro. Com a má fase dos grandes técnicos, as perspectivas para a Copa em casa, os beques ficando mais importantes que atacantes, os estádios inaugurados "para a Fifa ver", meus últimos assuntos.

    Mas fiquei pensando nessa coisa do herói que o Ronaldinho representa para os fãs do Galo e cria essa energia torcida-time em que um empurra o outro.

    Existe uma má fase também com outros heróis de times importantes do Brasil. O melhor do país, o Corinthians, não tem lá um herói destacável, mas sim alguns pequenos, o que ajuda. Quem tem o potencial para ser um, Pato, anda muito no banco, sem tempo para mostrar seus superpoderes.

    O São Paulo, a gente viu nos pênaltis no domingo, não se sente salvo pelos seus (Ganso, Luis Fabiano, Rogério). Surgiria ele dos céus no jogo de amanhã, por um dia que seja, como canta David Bowie em sua famosa canção, "Heroes"?

    No Fluminense, Deco se enrola no antidoping, e Fred se machuca na importante reta final. A torcida do Palmeiras vai vivendo o conto da Libertadores enquanto a Série B não chega --e enquanto não chega Valdivia, o postulante a herói mais sem poderes do futebol mundial (nem para salvar a si mesmo).

    Por falta de torneios mais empolgantes, gigantes como Santos, Inter e Cruzeiro andam com a força limitada aos respectivos Estaduais. Estamos esperando os Diegos Forlán e Souza no Brasileirão, na reta final da Copa do Brasil.

    Estamos esperando mesmo o super-Neymar no futuro cheio que o espera. Neste ano, o gringo Seedorf anda mais herói para a torcida do Botafogo do que o camisa 11 para o Santos e para a pátria.

    Enfim, se o R10 é o herói mais visível que temos no momento, vamos acompanhar de perto a continuação de sua jornada, amanhã. Ou o São Paulo vai levar uma criptonita para Minas? To be continued".

    lúcio ribeiro

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.

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