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    Lúcio Ribeiro

    Pirlo e o Brasil

    18/06/2013 03h00

    Surfando a onda de protestos que toma conta da nação e que também cerca o futebol em várias esferas --do custo absurdo nos estádios e vaias a Dilma até comando mambembe da CBF e na formação do time de Felipão--, esta coluna segue engajada e protestando contra a política de volantes cães-de-guarda do técnico brasileiro.

    Se tem uma coisa que essa Copa das Confederações pode ajudar o Brasil para a verdadeira Copa, no ano que vem, é a presença no país da nata da volantagem inteligente do futebol mundial.

    Basta Felipão querer ver.

    Ou querer ter visto no domingo Pirlo, Xavi e Iniesta jogarem.

    Pirlo, no jogo histórico para ele anteontem no Maracanã, carregou a Itália para a vitória contra o México.

    Veterano, o jogador de passe perfeito e chute bom ganhou um artigo entusiasmado em texto da Reuters, replicado no jornal inglês "The Guardian", em que muito pouco foi falado sobre ele. Porque o foco foi a... seleção brasileira.

    É o olhar estrangeiro sobre o Brasil, para não dizer que são somente os cerca de 200 milhões de "técnicos" que implicam.

    O recado já foi dado no título: "Pirlo mostra ao Brasil o que eles sentem falta".

    Falou que o volante italiano agradou uma plateia difícil de agradar, mostrando o futebol de uma espécie de jogador que o Brasil ou não tem, ou não dá valor, que é o volante "deep-lying", o famoso "homem que vem de trás". O tal volante-atacante.

    No domingo à noite, logo depois que os "deep-lying" Xavi e Iniesta transformaram em treino o jogo de sua Espanha contra o Uruguai, o sul-americano de melhor performance nos últimos anos, o programa de humor televisivo "Pânico" entrevistou o técnico Dunga nos bastidores de Brasil x Japão, já que ele estava lá como credenciado por uma TV japonesa.

    Dunga foi o treinador do Brasil no fiasco da última Copa muito por conta da atuação do personagem central da eliminação, seu volante "destruidor" Felipe Melo.

    Ele, que fez história sendo exatamente um volante cão-de-guarda, falou ao "Pânico" sobre os volantes-atacantes algo do tipo: "Como torcedor, quero volantes que ataquem. Mas, se sentado lá no banco, ia querer vê-los defendendo a zaga".

    Foi essa mentalidade o objeto de crítica do texto da Reuters/"Guardian", que era sobre Pirlo.

    O artigo aproveitou para lembrar de Dunga e Felipe Melo e suspeitar que Ramires deve ter sido deixado de fora da convocação porque gosta de atacar.

    E que outro da estirpe, Hernanes, que tem ajudado o time a melhorar ofensivamente quando entra, está relegado ao banco.

    Sábado que vem tem Brasil x Itália, possivelmente com os dois times classificados, circunstância boa para Felipão seguir o conselho do goleiro Buffon.

    Em depoimento após a partida de domingo, o italiano afirmou: "Quando você vê Pirlo em ação, é difícil não sentar e assistir sua performance. Sei disso porque venho assistindo ele de lá detrás por anos".

    lúcio ribeiro

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.

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