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    Lúcio Ribeiro - Luiz Cosenzo

    #PaulistãodaDepressão

    DE SÃO PAULO

    01/10/2013 03h02

    Estava aqui tentando me lembrar qual foi o último campeão Paulista, o deste ano mesmo, e confesso que levei alguns minutos (e uns cliques no Google para alguns detalhes mais pontuais, vá lá) brigando com a memória: foi o Corinthians. Em um empate na Vila Belmiro com o Santos. Jogo que terminou 1 a 1. Juro que não lembrava. E não me pergunte quem fez os gols.

    Mas pode me perguntar quem foi o campeão paulista de 1977, quem fez o gol da final de 1984, qual foi o time grande que perdeu para uma equipe do interior em 1986 (cóf cóf), quem foi o principal personagem do último jogo de 1991 e o que aconteceu na segunda partida da final de 1993 motivada pelo que aconteceu no primeiro jogo. Tenho esses na ponta da língua (e do cérebro).

    Eu sei que parece coisa de um saudosismo que eu não tenho (muito). Fora que xoxar estaduais é tarefa fácil de fazer hoje em dia. Mas imagine o Paulistão-2014, como um exercício de futuro.

    (Falo do Paulista porque eu nasci e vivo em São Paulo, mas se for o caso substitua o Estado e você tem sua própria história...)

    Se ninguém de bom senso se movimentar (cóf cóf cóf) para impedir, o Paulistão-2014 começa no dia 12 de janeiro, roubando dos jogadores dias de férias e de preparações decentes de pré-temporada. Imagine a motivação de os times em colocar seus craques em campo com o risco de (1) se machucarem por não terem uma boa dosagem de exercícios prévios para aguentarem uma longa temporada na sequência de uma outra longa temporada. E (2) não terem treinos técnicos e táticos suficientes para justificar serem os craques que são.

    Motivação os clubes têm na verdade, pelo menos os de São Paulo, já que o Campeonato Paulista paga 50% a mais que a conquista da Libertadores (os quatro grandes recebem algo em torno de R$ 10 milhões com direitos de transmissão de TV), divulgam por aí. É uma conclusão torta, porque essa rentabilidade se torna relativa. Mas ainda assim...

    No fundo, atribui-se a culpa disso à Copa do Mundo no Brasil, que "puxou" as datas para quase perto do Réveillon, eliminou algumas etapas classificatórias e enxugou o próximo Paulistão em duas rodadas.

    Mas enxugar o número de times participantes, que seria bom para tornar o campeonato mais interessante, não o é para os dirigentes.

    O Paulistão tem o mesmo número de clubes do Brasileiro: 20. Em 2014, em São Paulo, serão 19 loooongas rodadas para aí sim descambar direto em uma semifinal e final. Pensa.

    E pensa também na atratibilidade (alô,Tite!) de um torneio assim em ano de Copa do Mundo aqui em plenas terras brasileiras. Só se falará de outra coisa, dá para apostar.

    Fora que o Paulistão-2014 está com cara que vai ser um Velorião 2014, a julgar como caminha o Brasileirão atual. O risco de não haver nenhum time paulista na Libertadores do ano que vem é imenso.

    O Santos, o melhor paulista, está em nono lugar. E o de ter dois times grandes recolhendo os cacos do rebaixamento não é nada desprezível a esta altura: um deles que nunca desceu, o outro atual campeão mundial de clubes. Dureza.

    Não ter representação qualquer na Libertadores até justificaria um Paulistão com os times pensando apenas no Paulistão, mergulhados no torneio. Para fazer um daqueles de ficar na (minha) memória. Será?

    Ah, esquece...

    lúcio ribeiro

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.

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