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    Lúcio Ribeiro

    Golazo

    12/11/2013 03h00

    Confesso que eu fiquei meio perdido tentando acompanhar os compromissos futebolísticas todos da tarde do domingo, em frente à TV, computador no colo, o de sempre. Brasileirão podendo decidir o que já está decidido na parte de cima. O drama dos grandes na parte de baixo. Tremendo clássico na Inglaterra, o jogão do Italiano.

    Mais ou menos das 3h da tarde às 8h da noite era tanta informação que eu não conseguia parar quieto em jogo nenhum.

    É assim que se acompanha futebol nos tempos de hoje?

    Mas, no meio do caminho das bolas dominicais, havia um Neymar. Embora fosse um dos jogos mais desinteressantes entre os interessantes da rodada mundial disponível na TV, um Barcelona com Messi e Neymar sempre chama aos olhos.

    Daí, no momento em que sintonizei o jogo do líder do Espanhol contra o lanterna, para uma singela olhadela de passagem, fui recebido com um chapéu de calcanhar dado pelo brasileiro no oponente. Que levaria outro na mesma sequência se um companheiro não viesse acudi-lo com um providencial atropelamento de Neymar. O ex-santista já havia feito um gol no jogo, perdido um outro, deu mais passes do que costuma dar (afinal, está no "time dos passes") e depois iria deixar de fazer, na segunda etapa, um desses golaços que vem ensaiando.

    Acho que é isso que falta para Neymar encantar de vez no Barcelona. Como diz um amigo meu, um "golazo", desses na linha Romário-Rivaldo-Ronaldo-Ronaldinho-Messi, de arrancadas, dribles geniais e finalização certeira.

    Neymar parece estar ensaiando essa "desobediência" ao tiki-taka, como se viu anteontem e principalmente na semana passada contra o Milan, pela Champions League, quando se livrou de quatro adversários e, cara a cara com o goleiro, chutou por cima. Um outro supercraque foi evocado como referência espanhola a esse lance: "Uma jogada com a cara de Diego Armando Maradona", destacou o jornal "As".

    Dificilmente Neymar baterá Cristiano Ronaldo ou Messi em janeiro na Bola de Ouro da Fifa como melhor jogador do mundo. Nem sequer sabe-se se estará entre os três indicados na lista de dezembro, que pode virar cinco só para caber o brasileiro.

    Mas, quando esse "golazo" de Neymar acontecer, se ainda acontecer a tempo da premiação, das votações, ele passará automaticamente a ser cogitado, pode apostar.

    Neymar já está entre os dez na lista da Fifa de gol mais bonito do mundo em 2013, pelo sem pulo contra o Japão em junho, pela Copa das Confederações.

    Agora, daqui para a frente no Espanhol e na Champions League, sem o contundido Messi no caminho para "atrapalhá-lo", o craque brasileiro pode fazer o timaço do Barça jogar para ele brilhar (Ok, Messi "atrapalhando" alguém do time é uma licença poética).

    Neymar chegou na Europa pela porta da frente. Adaptou-se de forma espetacular num dos grupos mais fechados dos últimos anos. É o novo oxigênio que a Catalunha precisava. Falta pouca coisa para a gente começar a se perguntar aqui com seriedade se ele pode ser o melhor do mundo. Um "golazo" ajuda.

    lúcio ribeiro

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.

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