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    Lúcio Ribeiro

    Adeus

    17/12/2013 03h00

    Engraçadamente triste ver a imprensa inglesa sentir um certo baque pela demissão ontem do técnico André Villas-Boas do comando do Tottenham Hotspurs, de Londres.

    Depois de duas goleadas desastrosas levadas pelo Spurs em um mês (6 do Manchester City, 5 do Liverpool) e sem conseguir ganhar de ninguém no Top 10 do Inglês nesta temporada, talvez não desse mesmo para segurar o treinador português, acho, a não ser que a diretoria do rival do Arsenal desse uma de Corinthians pós-Tolima ao manter bravamente o Tite, com as consequências posteriores que a gente sabe bem quais foram no ano passado e neste ano.

    Muitos na Inglaterra torciam para o jovem Villas-Boas dar certo, por considerarem uma espécie de Mourinho com ideias de Guardiola de apenas 36 anos, mas sua inventividade tática pode ter sido seu principal algoz.

    Não foi levado em conta pelo presidente "cruel" do Tottenham (palavras de um comentarista da Sky Sports) que AVB até pouco tempo foi sondado por Real Madrid e Paris Saint-Germain, mas preferiu ficar em Londres para não deixar o clube na mão.

    Claro, o adeus de Villas-Boas nem de perto vai se equiparar à tristeza nacional que foi quando em maio deste ano o manager Alex Ferguson saiu do banco do Manchester United para entrar para a história, depois de 26 anos e 38 troféus pelo clube do norte da Inglaterra.

    Lembro-me de ter lido à época sobre dois tailandeses torcedores do Man United que foram personagens na despedida do diretor técnico, para você ver a dimensão que a coisa tomou.

    Os simpáticos asiáticos foram pegos pelas câmeras chorando no jogo final e, quando correram para entrevistá-los, viram que ambos mal falavam inglês e tinham gasto, cada um, algo em torno de 2.000 libras cada um para irem à Inglaterra dar "tchau" ao nobre treinador britânico.

    Aqui no Brasil, uma despedida também sentida foi a de Neymar, cuja ida ao exterior foi tão "patrocinada" por este espaço, mesmo sabendo do buraco no futebol brasileiro que sua ausência deixaria. Como deixou.

    Sem Neymar, que a diretoria do Santos segurou enquanto deu, parece que voltamos a sentir aquele complexo de vira-lata, que parecia estar a caminho de superação: o de manter craques excelentes jogando no país em nome da excelência dos torneios daqui.

    A falta de Neymar ajudou o Brasileirão, que acabou lá por outubro sem acabar mesmo até agora, virar um torneio chocho em 2013. Mas o que defendíamos é que sua experiência espanhola pode render frutos mesmo ao futebol daqui, e aqui, em 2014, mas num outro torneio que não o Nacional.

    *

    E, por falar em "adeus", esta é a minha derradeira coluna de 2013 e também a última neste nobre espaço aqui da Folha. Agradeço a paciência de leitor e jornal. E espero que pelo menos algumas delas tenham sido tão agradáveis de ler, para você, como foi de escrever, para mim. Tchau e Feliz Bola em 2014.

    lúcio ribeiro

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.

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