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    Luiz Horta

    Começou o treino para o Natal

    03/12/2017 02h00

    Davi Ribeiro/Folhapress
    SÃO PAULO, SP - 18/03/2015: Lombo de bacalhau grelhado do restaurante Taberna da Esquina, na rua Bandeira Paulista, 812. - (Foto: Davi Ribeiro / Folhapress COMIDA) ORG XMIT: 00128284A
    Bacalhau da Taberna da Esquina

    Eu não sei quando aconteceu, mas as pessoas não fazem mais ginástica, praticam esportes ou nadam, elas "treinam". Vários amigos vivem nesta função, treinando. Não sei bem para o que. No meu caso, com o "jingle bells" precoce que atacou a cidade, resolvi treinar para o Natal.

    Na minha cabeça cheia de protocolos, o Natal começa em 10 de dezembro, quando se monta presépio e árvore, para quem é desse time. Eu sou. Mas sigo os ritmos, então é Natal. Essa é a primeira de uma série de duas colunas sobre o assunto. Hoje vou falar do que habitualmente como.

    Peru para mim, quando vivo, é ave ornamental (nem tão bonita assim). Quando assado, enfeite. Acho a carne mais sem graça do mundo. Meu Natal tem tender, salpicão e pernil, este sim, suculento, cheiroso e saboroso. E bacalhau. Festa, celebração, grandes momentos, na minha opinião, têm bacalhau.

    Comecei a pesquisar o onde e o como será o bacalhau de Natal. Ia comer num lugar, o trânsito e a chuva me levaram para outro. O charme de São Paulo é que não adianta planejar nada, a gente vai para o lugar que consegue e o resultado, com frequência, é bom.

    Fui parar na Taberna da Esquina, do Vitor Sobral. Pesquisei o cardápio e fui me encantando por outras coisas.

    Vitor tem essa virtude, faz uma comida autoral, mas com tanta sutileza que parece que são receitas clássicas. Não mistura por misturar, mas testa e o que apresenta dá certo.

    Comi alheiras com quiabo de entrada, uma ótima ideia, perfeitamente executada. Não parece artificial, nada do estilo "vou colocar uns dois ingredientes brasileiros e invento uma cozinha luso-brasileira". Ele usa os produtos com moderação e sentido.

    Ando cansado das invenções cuja razão é inventar (nem vou mencionar as aberrações, no estilo pizzas de coisas que não deveriam ser tentadas). Mas nada de feijoada de bacalhau ou alheiras de jiló. É comida portuguesa, tão boa quanto serve naquela sua esquina simpática em Lisboa, onde se vê o bonde Prazeres, fazendo uma curva que só os elétricos conseguem, quadrada.

    E descobri lá um javali com purê de castanhas, preparado como um rosbife rosado. Javali sempre é uma coisa que mexe na imaginação, desde que Obelix comia aqueles inteiros como se fossem galetos. O da Taberna não é tão pantagruélico, mas saboroso.

    Acabei trazendo o bacalhau para casa e comprei do salgado, vou continuar treinando.

    E os vinhos para o bacalhau são a eterna discussão. Eu sou do grupo brancos, mas sugiro alguns brancos e tintos para quem quiser testar. Afinal, Natal é festa, não é dia para ficar discutindo harmonizações.

    Como falta um tempo para a ceia, estou "treinando" receitas na minha nova vedete da cozinha, uma panela elétrica. Já produzi uma bacalhoada muito elogiada. Mas falta algo e vou refinar a produção.

    Taberna da Esquina
    Onde r. Bandeira Paulista, 812, Itaim Bibi, tel. 3167-6489
    Quando ter. a qui., das 12h às 15h e das 19h às 23h30; sex., das 12h às 15h e 19h às 0h. sáb., das 12h às 16h e 19h às 0h; dom., das 12h às 17h

    *

    Beba o que te faz bem

    Aproveitei o tema e provei uns vinhos que não conhecia. Gostei mais com o bacalhau do Fóssil, um branco bem mineral e com corpinho para enfrentar o peixe.

    Sei que a população vai discordar, sempre sinto um gostinho amargo no choque bacalhau e tinto. Mas como o vinho dos almoços de sexta na minha família era um verde tinto com bacalhau, não discuto, pois tenho telhado de vidro. Verde tinto é "acquired taste", parece uma lixa passando na sua língua, e mesmo assim, gostavam muito.

    A proposta é a habitual, comprem um tinto e um branco e façam seus testes. E o javali ficou maravilhoso com o Pinha tinto. Então, vinho não sobrará.

    Voltarei ao assunto mesa de Natal e seus vinhos, em breve, antes do dia da comilança.

    *

    Vinhos da semana

    Divulgação
    coluna vinhos

    Ribeira Santa Pinha Branco R$ 69 (na Winebrands)
    Ribeira Santa Pinha Tinto R$ 69 (na Winebrands)
    Fossil R$ 99,50 (na Enoteca Don)
    Vale da Capucha R$ 149,50 (na Enoteca Don)

    *valores de referência

    luiz horta

    Viajante crônico e autor dos livros eletrônicos 'As Crônicas Mundanas de Glupt!' e 'Vinhos que cabem no seu bolso'. Escreve aos domingos.

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