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    Luiz Fernando Vianna

    Luz nas trevas

    14/11/2014 02h00

    RIO DE JANEIRO - A grande loja de horrores que é a polícia do Rio de Janeiro andou de portas abertas nos últimos dias. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que, apesar de o número estar em queda, a polícia fluminense ainda é a que mais mata no país: 416 casos em 2013. E, ao contrário de São Paulo, não há no Rio estatísticas de assassinatos fora de serviço –grupos de extermínio, milícias etc.

    Estreou ontem em São Paulo "À Queima Roupa", filme que conta as histórias de algumas das chacinas promovidas por policiais no Estado, como as de Vigário Geral (21 mortos em 1993), Baixada (30 mortos em 2005) e Alemão (19 mortos em 2009). Entre as vítimas, crianças e idosos.

    E há a violência do dia a dia, minimizada pela imprensa por ser contra pobres, muitos deles moradores de áreas com UPPs: extorsões, torturas, abusos sexuais.

    No meio desse pântano surge uma luz. Assumiu provisoriamente o comando da PM o coronel Íbis Silva Pereira. Em 2013, quando estava à frente da Academia de Polícia Militar, ele realizou um seminário no qual os futuros policiais ouviram intelectuais como Vladimir Safatle, Marcelo Coelho, José Miguel Wisnik, Marilena Chaui e Eugênio Bucci.

    Leitor de filosofia e literatura, com especial apreço por Dostoiévski, é um pacifista que diz frases como "a polícia tem que garantir a dignidade humana" e "quem despreza a vida não está preocupado com a corrupção". Já pôs a Corregedoria nas ruas para apurar desvios de conduta.

    Adversário da "Bopelatria", ele testemunha como o sucesso de "Tropa de Elite" reforçou na corporação o glamour da violência. Curiosamente, passará em 2 de janeiro a ser chefe de gabinete do novo comandante da PM, Alberto Pinheiro Neto, que já foi o cabeça do Bope.

    O coronel Íbis tem o que falta aos trogloditas dos governos e da internet: inteligência.

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