RIO DE JANEIRO - Foi uma semana de algumas vitórias para o país, mas que terminou com o gosto amargo da nossa imaturidade.

É importantíssimo que José Maria Marin esteja preso, depois de tantos desserviços prestados à vida nacional. E fica a torcida para que o mesmo destino recaia sobre o restante de seu time. Mas, como dito por Janio de Freitas e outros, é uma vergonha que tenhamos precisado de forças internacionais para limpar uma sujeira de que sabemos tão bem.

Poucos bípedes desconhecem que o futebol brasileiro é dominado há décadas por bandidos que, graças a um dos nossos maiores patrimônios imateriais, multiplicam seus patrimônios materiais. E são muitos os políticos que viviam até outro dia abraçados com esses bandidos.

A revelação (de parte) das falcatruas ilumina mais um sinal da nossa fragilidade. Quando se ironiza quem vai às ruas pedir o fim da corrupção vestindo camisas da CBF, não é para desvalorizar a causa, a rigor legítima. Mas para apontar que, até ao se entrar numa guerra justa, é preciso saber escolher o uniforme.

E, enquanto petistas e antipetistas se digladiam para ver quem roubou menos, a milícia comandada por Eduardo Cunha vai desmontando a nossa já precária estrutura democrática. Por pouco, não impôs aqui o mesmo modelo eleitoral do Afeganistão "" e só não conseguiu graças à união entre PT e PSDB, algo que deveria acontecer mais.

Porém, constitucionalizou o financiamento privado para partidos, garantindo o seu ganha-pão e de tantos de seus pares. Deu, assim, final feliz à manobra engavetadora de Gilmar Mendes, que impediu o STF, num ato que entrará para a história dos escândalos da corte, de proibir o financiamento das empresas.

Se quisermos realmente mudar a situação, precisamos enxergar melhor quem são os nossos maiores inimigos. E enfrentá-los.