RIO DE JANEIRO - Completam-se nesta segunda cinco meses da morte do estudante de biologia Alex Schomaker Bastos. Ele recebeu sete tiros de assaltantes que levaram o seu celular, em Botafogo, na zona sul do Rio. Tinha 24 anos.

A dor inominável não fez a família de Alex pedir vingança, alterações urgentes na Constituição ou patinar no clamor por mais policiamento. Não comprou armas, não reforçou as grades nem ameaçou sair da cidade ou do país. Pelo contrário.

Para começar, juntou-se a amigos e decidiu transformar a praça onde Alex foi morto. Pintou de branco a estrutura do ponto de ônibus –uma forma de pedir paz e, também, deixar o local mais claro– e cobrou da prefeitura iluminar o entorno e podar as árvores.

Antes um lugar ermo e perigoso, hoje tem vida. Há duas semanas, a advogada Olivia Fürst Bastos viu jovens conversando no lugar onde seu irmão foi assassinado. Pediu para fotografá-los, registrando o renascimento do lugar, que agora se chama praça Alex Schomaker Bastos.

Um pouco de luz salvará a vida de outros Alexs. Pequenas mudanças podem fazer a diferença entre civilização e barbárie. Ocupar as cidades em vez de delegá-las à polícia é um passo.

Olivia ainda quer entender que vida tiveram os assassinos até o momento em que atiraram com frieza no seu irmão. Dois suspeitos (maiores de idade) foram presos pela polícia na quinta (4), e ela quer conhecê-los. Quer construir alguma ponte entre duas partes da sociedade que pouco conversam e muito se matam. Pensa em acompanhar todo o caso e dar à sua dor um sentido mais amplo.

"Os menores que esfaquearam Jaime Gold [médico morto na Lagoa em 19 de maio] são os adultos que atiraram no Alex. É preciso interromper esse ciclo. Eles são a ponta de um problema muito mais complexo. Não basta apenas punir", diz.