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    Manuel da Costa Pinto

    Romance francês premiado cria farsa policial erudita e engenhosa

    18/12/2016 02h00

    O título original desse romance, em francês, é "A Sétima Função da Linguagem". Na trama de "Quem Matou Roland Barthes?" (título brasileiro), a hipótese de que existe outra função linguística, para além das comunicativas e da poética, desvelaria um poder transformador da realidade pelo discurso que, formulado por Barthes, representaria um risco político que teria levado a seu assassinato. Prêmio Goncourt de 2010 com "HHhH", Binet parte da morte banal do genial escritor e linguista (atropelado por uma caminhonete de tinturaria em 1980) para criar uma farsa policial erudita e engenhosa, pela qual desfila a alta intelectualidade francesa.

    Quem Matou Roland Barthes?. Autor: Laurent Binet. Tradução: Rosa Freire d'Aguiar. Editora: Companhia das Letras (2016, 414 págs., R$ 59,90)

    Bertrand Guay - 1º.set.2015/AFP
    Laurent Binet, autor de "Quem Matou Roland Barthes?"
    Laurent Binet, autor de "Quem Matou Roland Barthes?"

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    FILME

    Predadores novos e antigos

    No mais celebrado filme brasileiro no ano, Sônia Braga é uma jornalista viúva que se recusa a vender seu apartamento, na praia de Boa Viagem (Recife), a uma incorporadora imobiliária que pretende construir um condomínio no antigo prédio em que ela é a última moradora, assediando-a no limite da violência para conseguir desalojá-la. Metonímia do caráter predatório do capitalismo brasileiro, não deixa de mostrar os resquícios senhoriais da elite esclarecida, mas derrapa no tom indignado de denúncia.

    "Aquarius". Direção: Kleber Mendonça Filho. Elenco: Sônia Braga, Maeve Jinkings, Humberto Carrão. Distribuidora: Imovision (2016, R$ 39,90). No Apple TV

    Victor Jucá/Divulgação
    Sônia Braga em cena de 'Aquarius'
    Sônia Braga em cena de 'Aquarius'

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    DISCO

    Limpidez modernista

    O duo formado por Miriam Grosman e Ingrid Barancoski interpreta obras para piano solo, a quatro mãos e dois pianos do compositor brasileiro Ricardo Tacuchian. Com exceção de "Estruturas Gêmeas", de 1978, as peças foram escritas nos últimos dez anos e associam limpidez neoclássica a precisão e anti-retórica modernista.

    "Água-forte". Artista: Duo Grosman-Barancoski. Gravadora: A Casa (2016, R$ 30)

    manuel da costa pinto

    É jornalista e mestre em teoria literária e literatura comparada pela USP. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

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