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    Manuel da Costa Pinto

    Edição do clássico "Utopia" chega com atraso, mas há justiça poética

    19/03/2017 02h00

    Os 500 anos da publicação original do clássico de Thomas More (1478-1535) foram comemorados no ano passado. Mas há justiça poética no atraso com que nos chega essa bela edição em capa dura de sua "Utopia", em tradução bilíngue (latim-português) que respeita o ritmo cumulativo da prosa quinhentista. Afinal, a imaginação de mundos ideais sempre corresponde a um "não lugar" (sentido do termo cunhado pelo humanista inglês decapitado por Henrique 8⁰) situado aquém ou além do presente. A "ilha dos utopienses", descrita na obra a partir das experiências de um navegador português, é um avesso da Inglaterra corrupta e intolerante de seu tempo, batizando um gênero que, antes e depois de More, alimentou transformações concretas com a aspiração ao impossível.

    Utopia. Autor: Thomas More. Tradução: Márcio Meirelles Gouvêa Júnior. Editora: Autêntica (2017, 256 págs., R$ 59,80)

    Divulgação
    Livro Utopia, de Thomas More
    Livro "Utopia", de Thomas More

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    SÉRIE

    Embrutecimento pelo caos

    Nessa série israelense, cujo título em árabe significa "caos", um agente de segurança recolhido à pacata vida familiar é convocado a voltar ao serviço, para encontrar um líder do grupo palestino Hamas que ele acreditava ter eliminado. Em ritmo de "thriller", mostra o embrutecimento das relações pessoais e afetivas no turbilhão da violência ideológica e dos atentados políticos.

    Fauda. Direção: Assaf Bernstein. Elenco: Lior Raz, Hisham Suliman e outros. Produtora: Yes (2016). Na Netflix

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    DISCO

    Passado e futuro

    Utopia
    Thomas More
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    O maior gênio da música não foi, paradoxalmente, um grande criador de melodias. A maestria de Beethoven estava na progressão que, como ocorre nestas 33 variações para piano sobre um tema do obscuro Anton Diabelli (aqui interpretadas pelo argentino-israelense Baremboim), exaure as possibilidades de exploração de um tema, olhando parodicamente para o passado da música e intuindo, com ironia, o futuro que ele mesmo anuncia.

    Beethoven: Diabelli Variations. Artista: Daniel Barenboim. Gravadora: Erato (2016, R$ 107,50, importado)

    manuel da costa pinto

    É jornalista e mestre em teoria literária e literatura comparada pela USP. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

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