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    Manuel da Costa Pinto

    Edição do livro 'O Leopardo' coincide com os 60 anos da morte do autor

    25/06/2017 02h00

    Divulgação
    O ator Alain Delon e a atriz Claudia Cardinale no filme "O Leopardo" (1963), dirigido por Luchino Visconti.
    O ator Alain Delon e a atriz Claudia Cardinale no filme "O Leopardo" (1963), dirigido por Luchino Visconti.

    A belíssima edição em capa dura de "O Leopardo" coincide com os 60 anos da morte de Lampedusa, que não chegou a ver em vida a publicação desse clássico da moderna literatura italiana. O volume traz apêndices em que Gioacchino Lanza Tomasi (primo do escritor e hoje diretor do teatro San Carlo, de Nápoles) transcreve cartas de Lampedusa que revelam como as personagens do romance se baseiam em sua história familiar.

    No caso, o enredo da decadência de uma família nobre da Sicília, à época da unificação italiana por Garibaldi, nos anos 1860. O tom ao mesmo tempo crepuscular e voluptuoso da prosa de Lampedusa faz com que a figura de Fabrizio Corbera, príncipe de Salina (protagonista inspirado em seu bisavô), seja a encarnação sensual e melancólica do fim de uma era, contrastando com a vulgaridade da ascendente burguesia.

    O Leopardo
    Giuseppe Tomasi Di Lampedusa
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    O romance, magistralmente traduzido por Maurício Santana Dias com base na versão definitiva do livro (conforme explicado em seu posfácio e no apêndice de Lanza), também é responsável pela célebre frase dita por Tancredi (sobrinho dileto do príncipe, que adere às forças de Garibaldi por calculismo), sintetizando o espírito e o cinismo das maquinações políticas em tempos de convulsão e alternância de poder: "Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude".

    O Leopardo. Autor: Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Tradução: Maurício Santana Dias. Editora: Companhia das Letras (2017, 384 págs., R$ 64,90)

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    DISCO

    Busca sublime

    O contratenor francês Philippe Jaroussky (que recentemente se apresentou em São Paulo) e a soprano húngara Emöke Baráth apresentam trechos de três óperas do século 17, todas intituladas "L'Orfeo", de autoria dos italianos Claudio Monteverdi, Luigi Rossi e Antonio Sartorio.

    Em comum entre elas, as desventuras de Orfeu, poeta e músico que desce ao reino de Hades (o mundo inferior dos mortos, na mitologia grega) em busca da amada Eurídice, que morrera após ser picada por uma cobra.

    Além da sublime interpretação, Jaroussky e Baráth propõem um enredo que, entremeando árias e coros das óperas, leva do idílio amoroso às piedosas cenas do breve e malfadado reencontro dos amantes.

    "La Storia di Orfeo". Artistas: Philippe Jaroussky e Emöke Baráth. Gravadora: Warner Music (2017, R$ 49,90)

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    FILME/DOCUMENTÁRIO

    Mundo paralelo

    Esse documentário aborda o fenômeno da "deep web", a internet oculta, que consegue driblar mecanismos de segurança, criando um ambiente tanto a salvo de controles governamentais –o que inclui a circulação de uma moeda própria ("bitcoin")– quanto propício ao mercado negro de drogas e armas e à difusão de ideologias radicais.

    Após apresentar esse mundo paralelo e seus ativistas, com uma instigante discussão sobre liberdade de expressão e cyber-anarquismo, o filme foca o caso da Silk Road, mercado negro de drogas on-line, e na prisão de Ross Ulbricht, suspeito de ser seu líder, sob o pseudônimo Dread Pirate Roberts.

    "Deep Web". Diretor: Alex Winter. Distribuidora: Bond/360 (2015). Na Netflix.

    manuel da costa pinto

    É jornalista e mestre em teoria literária e literatura comparada pela USP. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

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