• Colunistas

    Saturday, 18-May-2024 14:50:44 -03
    Mara Gama

    Lixo: Época de muda

    09/05/2014 02h00

    É época de muda. Maio é o mês mais importante das campanhas de arrecadações de roupas na cidade. Se você quer doar, agora é mais fácil. É que, em São Paulo, não há um serviço público de fácil acesso que receba vestuário o ano todo, como acontece com plásticos, vidros, metais e papéis. E sempre é bom lembrar que, se você jogar uma roupa no lixo doméstico, ela vai para um aterro sanitário.

    Cada vez com mais frequência, fico sabendo de pessoas que combinam duas coisas: doam roupas para instituições e também fazem trocas com grupos de amigos.

    Até o Instituto de Defesa do Consumidor, Idec, tem uma página de dicas sobre bazares de trocas, aconselhando o escambo em vez do uso de dinheiro nessas ocasiões, para facilitar a vida.

    Trocas e reúso estão no dia a dia da estilista Chiara Gadaleta. "Compro pouquíssima roupa. Prefiro trocar com amigos, customizar e crochetar minhas peças. Acho mais divertido." Chiara segue uma boa política: "Se alguma roupa entra no armário, muitas têm que sair". As roupas que não têm mais valor de troca Chiara doa para a ASA - Associação Santo Agostinho.

    Chiara diz que se põe à prova em novas situações com suas roupas. Um de seus projetos é um guarda-roupas compartilhado com amigos. Outro é ter um máximo de 15 cabides de roupa durante uma temporada. Findo o período, vende-se tudo e compra-se outro lote de 15 peças.

    Nos próximos dias 23 e 24 de maio, a estilista organiza o evento SP.Ecoera sobre questões sociais e ambientais no mercado de moda. Na programação, debates sobre descarte têxtil e reaproveitamento e desfiles de brechós e marcas que reusam ou reciclam materiais, como a Será o Benedito, que trabalha com lonas de caminhão, e a Puket.

    A Puket fez uma experiência interessante no ano passado e deve reeditá-la em breve: a campanha Meias do Bem, em que as lojas da marca recebem meias usadas, transformam o material em cobertores e doam para instituições de assistência.

    No evento SP.Ecoera também está programada uma tarde de compra e venda de peças vintage. Tudo no museu A Casa. Programação completa e cadastro no site www.ecoera.com.br.

    A jornalista, ativista e pesquisadora de ecologia e consumo consciente Claudia Visoni também gosta de trocar roupas com amigos, quando as peças não têm mesmo nenhuma serventia.

    "Mas procuro usar até o tecido ficar puído, praticamente um trapo. Aí, se a peça for de algodão, vai para o fundo dos vasos onde planto hortaliças. É muito melhor do que manta de drenagem e ainda aduba as plantas", diz.

    • DOE FÁCIL*

    Para quem quer se desfazer de roupas, o mais prático é doar para organizações que buscam donativos em casa e repassam para entidades de auxílio, como por exemplo as Casas André Luiz ou o Lar Escola São Francisco (que foi incorporado há um ano pela AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente).

    Outra possibilidade, mas que exige mais esforço, é ir com sua trouxinha até uma das caixas de papelão que estampam um sorriso de Reynaldo Gianechini, da Campanha do Agasalho. Elas estão espalhadas por estações de metrô, supermercados e empresas durante os meses mais frios. No ano passado, a campanha arrecadou 7,5 milhões de peças, entre roupas e cobertores, e repassou a 383 entidades em 363 municípios do Estado. O que não é aproveitado vai para leilão e depois é transformado em estopa por empresas recicladoras. O dinheiro vai para projetos sociais.

    E há também associações que atuam regionalmente, como é o caso do Agente Cidadão, que há 13 anos beneficia entidades na zona sul da cidade e começa em meados de maio a colocar suas caixas de coleta em escritórios e clubes.

    ARMÁRIOS LIMPOS, BOA CAUSA, CIDADE VERDE

    Em Nova York, os residentes jogavam fora anualmente aproximadamente 200 toneladas de têxteis, entre vestuário, toalhas, lençóis, cortinas, sapatos, bolsas, cintos, segundo dados da prefeitura.

    Para reverter o desperdício, a cidade resolveu desenhar um programa inteligente de reciclagem de roupas para alcançar o cidadão onde for mais conveniente para ele.

    O re-fashion NYC foi lançado oficialmente em 2011 e instala caixas coletoras em prédios de apartamentos e de escritórios. Quando as caixas estão cheias, um responsável pelo edifício alerta a central, que passa para recolher o conteúdo da caixa.

    O material é separado e uma parte é vendida como roupa usada para mercados de pulgas. O resto é destinado para empresas de reciclagem para ser transformado em cordões e fibras para painéis de carros. O dinheiro das vendas alimenta toda a cadeia. Nada vai para aterro sanitário.

    Reprodução

    COLETA NA CIDADE DE SÃO PAULO

    Duas empresas fazem coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos domiciliares e dos recicláveis na cidade de São Paulo: Loga (www.loga.com.br) e Ecourbis (www.ecourbis.com.br). Para saber que empresa cuida da sua área, consulte os sites.

    Para tratar sobre varrição, lavagem, remoção de entulho em vias públicas, há um telefone, o 0800-7777156, e um site onde podem ser registradas ocorrências: www.saclimpezaurbana.com.br.

    SEPARAÇÃO MISTURADA

    Na área de comentários da coluna "Coleta e Responsabilidade", do dia 2 de maio, sidlinda postou: "Eu faço a separação do lixo da minha casa e o reciclável corresponde a cerca de 2/3 do total do lixo. As terças-feiras passa o caminhão coletor de lixo reciclável da Vega e não entendo a coleta. O caminhão que eles utilizam é aquele também utilizado com lixo comum, em que um mecanismo vai empurrando e comprimindo o lixo dentro da caçamba do caminhão. Fico me perguntando: para onde eles realmente levam esse lixo e de que forma é feita a separação dos materiais?"

    Sem saber em que cidade o leitor está, não dá para avançar muito, porque há regras locais para as coletas. De todo modo, não se deve misturar os dois lixos. Deveriam ser usados caminhões diferentes para os dois tipos de coleta para evitar contaminação do material a ser separado. Além disso, a compactação a que os lixos são submetidos não é a mesma. A máquina dos caminhões pode compactar mais o lixo domiciliar, para economizar o máximo de espaço, e menos o lixo da coleta seletiva, para poder preservar o material que será separado posteriormente nas centrais. Aconselho a ligar para a companhia que serve sua área e pedir esclarecimentos.

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024