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    Mara Gama

    Lixo - O jeans que saiu do plástico que polui o mar

    DE SÃO PAULO

    04/07/2014 03h00

    Divulgação/g-star.com
    Cena da animação narrada por Pharrell Williams explicando a coleção de jeans G-Star Raw for the Oceans
    Cena da animação narrada por Pharrell Williams explicando a coleção de jeans G-Star Raw for the Oceans

    A partir de 15 de agosto, calças, bonés, camisas e jaquetas de jeans feitos com uma fibra criada a partir de lixo plástico retirado do mar devem começar a ser vendidos pela marca holandesa G-Star Raw, em lojas e on-line.

    Segundo a empresa, que tem mais de 5 mil pontos de venda espalhados pelo mundo, a produção da primeira fornada da coleção Outono-Inverno 2014, "G-Star Raw para os Oceanos", reciclou 10 toneladas de plástico vindas do mar.

    A marca usa um desenho de um polvo, batizado de Otto, em estampas, forros, etiquetas e nas animações da campanha publicitária, como a que ilustra essa coluna. O garoto-propaganda é o músico Pharrell Williams, também jurado do "The Voice" e dono da empresa que fabrica a fibra, a Bionic Yarn.

    A produção dessa linha de roupas faz parte de um projeto maior, o Vortex, criado em 2013 e que atua para retirar o lixo plástico do mar e dar a ele uma destinação não poluente. O nome alude às enormes ilhas de lixo flutuantes nos oceanos.

    Fazem parte da iniciativa a Bionic Yarn, a ONG de defesa da vida marinha Sea Shepherd e a Parley for the Oceans, associação composta por artistas, ativistas e empreendedores. O projeto foi anunciado em fevereiro em evento no Museu da História Natural de Nova York.

    A poluição causada pelo plástico no mar é extremamente perigosa e ainda não é totalmente mapeada. O material usado em embalagens, sacolas, canudos, garrafas, objetos, utensílios, sacos e sacolas chega ao mar arrastado pelas chuvas. Com a incidência do Sol e a presença do sal, o plástico é quebrado em micropedaços, mais leves, se dispersa facilmente, seguindo pela água ou afundando e afetando toda a vida marinha, servindo de comida para alguns bichos, sufocando outros tantos e se prendendo na vegetação e nas rochas.

    Segundo notícia distribuída na ultima terça (01) pela agência France Presse, até 88% da superfície dos oceanos do mundo está contaminada com esse tipo de lixo, de acordo com dados do "Proceedings of the National Academy of Sciences" ("PNAS"), que se baseiam em mais de 3 mil amostras coletadas por uma expedição científica em 2010.

    De acordo com a mesma fonte, os cientistas avaliaram que a quantidade total de plástico nos oceanos do mundo está entre 10 mil e 40 mil toneladas.

    Entre os desafios do Vortex estão recuperar o plástico flutuante do mar aberto e na orla, para salvar o maior número possível de animais, educar sobre o uso responsável de plástico descartável e apoiar fundos de pesquisa para desenvolver materiais alternativos, sistemas de filtragem e novos sistemas de reciclagem.

    A estratégia de comunicação é criar produtos bem projetados, com forte apelo, feitos de forma sustentável e que carreguem a história de poluição de plástico do oceano. A renda dos produtos reverte para o financiamento da iniciativa.

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

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