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    Mara Gama

    Lixo: Empresa coleta resíduos de restaurantes e devolve erva e tempero

    03/10/2014 03h00

    Na segunda (6), começa a funcionar uma central de tratamento de resíduos orgânicos que vai processar sobras de comida de sete restaurantes da cidade: Martín Fierro, Mesa III, Epice, Attimo, Casa Jaya, Jiquitaia e Beato. A central usa o sistema de compostagem acelerada e está preparada para tratar também resíduos orgânicos de condomínios, hotéis e clubes. Com capacidade inicial de 2 toneladas, pode chegar a 40 toneladas por dia.

    A iniciativa é do Instituto Guandu, empresa que faz a coleta nos restaurantes, encaminha para a central e administra o processamento, que tem como resultado final um adubo orgânico. O adubo é usado numa horta onde são cultivados ervas, temperos e outras plantas comestíveis como Ora-pro-nobis, Mastruz, Capuchinha e também Verbena Limão. A produção volta como ingrediente nas preparações de pratos servidos pelos mesmos restaurantes. Em dois deles –Attimo e Casa III– o adubo que vem do processamento dos resíduos também é utilizado na horta local.

    Na nova central de tratamento, que fica no bairro Jordanópolis, em São Bernardo do Campo (na Grande SP), os resíduos são triturados numa máquina construída especialmente para essa central pela empresa DarVida e depois recebem a adição de enzimas que aceleram a sua decomposição. A técnica da compostagem acelerada usa biopolímeros, desenvolvidos pela empresa de biotecnologia Bioideias, e é a mesma usada no sistema de tratamento de orgânicos do Shopping Eldorado, projeto que foi tema da coluna em junho, no texto "Do prato ao prato".

    Esse processo é muito mais rápido que a compostagem tradicional, que exige grande área externa, viragem do material de tempos em tempos para aeração e até seis meses de maturação. Também é mais rápido que a compostagem com o auxílio de minhocas, das composteiras domésticas feitas com caixotes de plástico.

    Na compostagem acelerada, em sete dias, o que chega como resíduo perde cerca de 30% do volume de água e já vira adubo. O espaço necessário é reduzido. Em 30 metros quadrados, fica a máquina que pode compostar até 5 toneladas. "Essa é uma solução ideal para o meio urbano e para geradores que tenham algum volume. É compacta, rápida e sem cheiro", diz Fernanda Danelon, fundadora do Guandu.

    Para cada restaurante, o custo é relativamente baixo. Com coletas de segunda a sábado e retiradas diárias de 70 kg por dia, o serviço fica por cerca de um salário mínimo (R$ 724).

    O Guandu investiu cerca de R$ 150 mil no novo negócio, incluindo a máquina e as enzimas. Para fechar as contas, Fernanda espera vender o adubo excedente para os produtores da agricultura familiar, nas bordas da cidade. "Existem cerca de mil famílias que vivem e produzem nessas áreas e precisam de adubo bom com preço acessível", diz.

    O uso dessa compostagem acelerada para diminuir o volume e dar boa destinação aos orgânicos está crescendo. Em setembro, o shopping Nova América, em Del Castilho, no Rio, implantou um telhado verde com 500 metros quadrados, para transformar restos de comida em adubo. São processados diariamente 200 kg de resíduos que vêm da praça de alimentação. Na horta, são cultivados alface, cebolinha, hortelã, manjericão, pimenta, pimentão, abóbora e morango. A produção é destinada ao consumo de funcionários e a uma creche, que serve aos filhos dos funcionários e aos moradores da região.

    A Bioideias está fazendo diagnósticos para implantação de projetos de tratamento de orgânicos em mais um shopping no Rio, para o Tietê Plaza Shopping, da Anhanguera, para o condomínio residencial Jardim Acapulco, no Guarujá, entre outros empreendimentos.

    E dá para fazer um kit doméstico com essa enzima que agiliza o processo? O engenheiro agrônomo Rui Signori, da empresa, não descarta a ideia, mas acha que o preço ainda não seria competitivo. "Por enquanto, para o uso doméstico, as composteiras com minhocas são boas soluções", diz.

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

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