• Colunistas

    Thursday, 02-May-2024 03:08:22 -03
    Mara Gama

    Grupo faz redesign com doações de lojas e confecções

    27/03/2015 02h00

    A indústria da moda é uma das grandes vilãs do meio ambiente, pelo altíssimo consumo de água, pela geração de poluição por causa da química pesada e exploração de mão de obra em condições de trabalho inadequadas.

    Além disso, a alta quantidade de excedente na produção massificada é um desperdício enorme de energia, material e força de trabalho. Em alguns países, grande parte dos resíduos têxteis é incinerada, gerando mais poluição. No Brasil, o excedente acaba nos aterros e lixões. Nada chique.

    Uma iniciativa que está saindo do forno uniu a empresária e joalheira Patricia Centurion, a publicitária Maria Antonia Teixeira e a estilista Ana Bento para correr por fora desse ciclo. A ideia é reaproveitar tecidos, retalhos, catálogos de coleções de marca de estações passadas e estoques parados para criar produtos duráveis e desejáveis, empregando cooperativas de gente que sabe costurar bem e que precisa de oportunidade de trabalho.

    A We-did começou a atuar há um mês, em São Paulo, após dois anos de pesquisa e entrevistas do trio com empresários, fabricantes, gestores de estoque e cooperativas de costureiras para verificar as necessidades de cada parte do processo e desenhar um modelo de atuação e fluxos possíveis de material e trabalho.

    Nesse primeiro mês, já criou mochilas para uma escola de inglês e aventais para um bufê, atuando como núcleo criativo no redesenho das peças a partir de tecidos doados, para serem vendidos pelo próprio doador, e também na produção de brindes para empresas e mercadorias para captação de fundos pelas ONGs.

    A inspiração da We-did foi o grupo holandês I-did, que se autodenomina movimento de slow fashion para se opor à ideia de fast fashion, da roupa descartável e de péssima qualidade. Essa roupa descartável é em geral produzida por grandes companhias parcial ou integralmente em países em desenvolvimento, com superexploração de mão-de-obra barata e zero cuidado com resíduos.

    Na Holanda, o grupo se dedica a parcerias com pequenas marcas do país na tentativa de revalorizar a durabilidade dos produtos, redesenhando o excedente e até reinfibrando alguns materiais. A I-did dá formação profissional de costura para comunidades de imigrantes nos centros urbanos.

    As duas iniciativas exemplificam o conceito de economia circular. O desafio é demonstrar e convencer fabricantes, comerciantes e toda a cadeira têxtil a parar de ignorar o lixo produzido e atuar ativamente para aproveitar suas novas oportunidades. Para saber mais, veja a página do WE DID - movimento criativo no Facebook.

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024