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    Mara Gama

    Jogos do Clima atacam com humor maquiagem verde das empresas na COP21

    04/12/2015 18h18

    Até o dia 11, acontece em Paris a COP 21, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que quer chegar a um acordo para reduzir emissões de gases do efeito estufa, limitando em 2ºC o aquecimento da atmosfera até 2100, em comparação com níveis pré-industriais. Um de seus desafios é fazer com que países ricos e pobres concordem sobre compensações de danos causados ao meio ambiente.

    As grandes corporações empresariais que se movimentam em volta dos governos e que patrocinam essa cúpula do clima têm um único interesse: fazer lobby para manter a economia global exatamente como está e seguir obtendo seus lucros baseados na economia de combustíveis fósseis.

    Essa é a tese central do Brandalism (fusão das palavras Brand, de marca, e Vandalism), movimento que quer desmascarar a maquiagem verde, o greenwashing, técnica usadas pelas empresas para apresentar como ecologicamente corretos iniciativas, políticas e produtos que não são sustentáveis de fato.

    O movimento conquistou visibilidade com a campanha de cartazes irônicos criados por 80 artistas, Bansky entre eles, que invadiu os murais de anúncios de rua de Paris a partir do dia 27 de novembro. Com design gráfico bem acabado, as peças satirizam empresas gigantes da economia baseada no petróleo, como Volkswagen e Air France, e governos de países desenvolvidos como Inglaterra, Estados Unidos, Japão e França.

    A justificativa para os cartazes é levar para a cidade as vozes que foram caladas pela proibição de manifestações pelo governo francês durante a conferência. A medida de segurança foi tomada após os ataques de 13 de novembro, que mataram 130 pessoas na capital francesa.

    O argumento dos militantes do Brandalism é que o governo optou por proibir as mobilizações da sociedade, silenciando as comunidades afetadas pelos problemas ambientais, enquanto as empresas multinacionais responsáveis pelas mudanças climáticas podem manter o esverdeamento de seus modelos de negócios destrutivos.

    O Brandalism criou uma plataforma de conexão para organizar essas ações públicas e dar suporte a grupos de militantes batizada de Climate Games ( "Jogos do Clima") e com esse nome assina os anúncios e outras ações em seminários e encontros sobre sustentabilidade.

    Jogos do Clima se define como "um instrumento para apoiar atos de desobediência criativa na ruas, no espaço público e no ciberespaço".

    De acordo com o site do grupo, a rede de comunicação dos Jogos do Clima ajuda os militantes a encontrar hospedagem e alimentação em locais de grandes mobilizações e ajuda na contra-informação, transmitindo informes sobre ações policiais de repressão a passeatas e encontros.

    "Relatórios apontam que o caos climático poderia levar a 100 milhões de mortes nos próximos 18 anos, a maioria de pessoas que vivem no Sul do globo, numa espécie de Holocausto Climático. A única maneira de sair desta trajetória é construir um movimento pela justiça climática ampla e radical, que leva a ação direta e eficaz para manter os combustíveis fósseis no solo. Imagens e visões de futuro apocalíptico catastrófico não motivam as pessoas e têm uma tendência a levar a políticas autoritárias. Precisamos de novas formas de ação criadora e organizadora que fazem da desobediência algo irresistível, eficaz e divertido. Através da utilização de jogos e brincadeiras, os Jogos do Clima esperam ser mais acessíveis que as estatísticas e os slogans sisudos e depressivos sobre a extinção da humanidade", diz o manifesto.

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

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