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    Mara Gama

    Entidade propõe índice de avaliação da limpeza pública municipal

    01/07/2016 02h00

    Avaliar o grau de adesão de uma cidade às metas da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), lei que orienta gestão, coleta, tratamento, responsabilidade e destinação dos resíduos no Brasil, é o objetivo de um novo índice apresentado na quinta (30/06), em São Paulo.

    Batizado de Islu –Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana–, ele pode servir como ferramenta para o acompanhamento da evolução de resultados, o planejamento financeiro e de metas nas administrações municipais e para as empresas mapearem novos negócios.

    A performance das cidades é analisada em quatro dimensões: engajamento do município na limpeza; sustentabilidade financeira; recuperação dos recursos coletados e impacto ambiental. Para ter bons resultados, o município deve ter boa pontuação em todos os quesitos.

    Os resultados vão de zero a um –quanto mais próximo do um, melhor o desempenho–, divididos em cinco classes, de A a E. O novo índice foi produzido pelo Selur (Sindicato de Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo) e pela PwC (Price Waterhouse).

    Na primeira aplicação divulgada do índice, foram submetidos à análise os 1.721 municípios brasileiros que tinham dados necessários para a avaliação –o país tem 5.570 municípios. Nenhuma cidade atingiu a melhor classificação. No ranking dos 50 mais bem avaliados, 80% estão na região Sul. As dez cidades mais bem avaliadas têm menos de 30 mil habitantes. A número um é Nova Esperança, no Paraná, com 27, 7 mil pessoas.

    Entre as cidades com mais de 250 mil habitantes, um terço está no Estado de São Paulo. Foram bem avaliadas cidades como São José dos Campos, Santos, Campinas e Sorocaba.

    No quesito taxa de recuperação de materiais recicláveis, o Paraná teve a melhor avaliação do país, com taxa de 8,90%, enquanto a média dos municípios avaliados teve taxa de 4,08%. Segundo as equipes que elaboraram a métrica, o destaque do Paraná se deve ao pioneirismo em educação ambiental, que teve início nos anos 1980 no Estado.

    METODOLOGIA

    A metodologia para chegar ao índice é semelhante à usada pela ONU para o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). No caso do IDH, o resultado se baseia em três dimensões: educação, renda e longevidade.

    No Islu, são quatro dimensões. O engajamento do município é resultado da população atendida dentro da população total; a sustentabilidade financeira vem das despesas de limpeza x despesas totais; a recuperação dos recursos coletados usa os números de recicláveis recuperados no total da coleta e a medida de impacto ambiental usa a quantidade de resíduos incorretamente destinada em relação à população atendida.

    Como os pesos das dimensões são semelhantes, há cidades com diferenças importantes na gestão de resíduos que apresentam índices semelhantes. Por isso, a comparação entre cidades não é indicada. São Paulo e Brasília, por exemplo, se situam na classe C.

    Segundo o estudo, a baixa avaliação da capital paulista se deve à arrecadação econômica abaixo do necessário. Se atingisse sustentabilidade financeira para os seus gastos com limpeza, São Paulo teria a pontuação mais alta entre todas as capitais do país, passando para a classe B.

    Já Brasília, que está na posição devido ao passivo ambiental gerado pelo Lixão da Estrutural, maior vazadouro da América Latina, poderia passar para a classe B se tivesse o descarte correto. Seria também uma das dez melhores cidades com mais de 250 mil moradores.

    Segundo o presidente do Selur, Ariovaldo Caodaglio, há uma lacuna importante entre os gestores públicos e a PNRS, daí a necessidade de um índice. Ele espera que as cidades possam adotar o indicador para melhor planejar seu desenvolvimento sustentável.

    Veja estudo completo no site do Selur.

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

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