Uma experiência monitorada em uma dezena de escolas municipais de São Paulo no primeiro semestre de 2016 virou cartilha. E pode servir de exemplo para expandir a prática de compostagem e horta nesses locais, com a ativa participação de alunos de 3 a 14 anos, em todas as fases do processo.
Disponível para download em português e inglês, o "Manual para Gestão de Resíduos Orgânicos nas Escolas" ensina quais as diferenças entre compostagem aeróbia e a compostagem com minhocas (vermicompostagem), para que serve o composto e como utilizá-lo, como montar uma "sala de aula verde", como separar os resíduos de comida e de jardins.
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Capa do "Manual para Gestão de Resíduos Orgânicos nas Escolas" |
Partindo de uma contextualização sobre a geração de resíduos orgânicos na cidade, mostra também os impactos positivos da reciclagem deles para a mitigação dos gases de efeito estufa. O público-alvo são professores e há sugestões de como integrar o estudo da compostagem com os conteúdos de outras disciplinas.
O documento é a segunda etapa de um projeto que teve consultoria e execução local pela empresa Morada da Floresta, com recursos da Coalizão do Clima (CCAC, da sigla original Climate and Clean Air Coalition), da Unep (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), realização da Iswa (Associação Internacional de Resíduos Sólidos) e da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais).
Foram convidadas escolas municipais que já possuíam projetos ligado a compostagem e horta. Para facilitar as trocas de informação, foi criada uma plataforma de comunicação entre as escolas.
Segundo o manual, são mais de 245,7 milhões de refeições servidas anualmente nas escolas públicas municipais de ensino infantil, fundamental e médio de São Paulo, das quais calcula-se desperdício médio de 134 gramas por refeição, totalizando 30 mil toneladas por ano de resíduos. Esses resíduos podem ser reciclados com a adição de cerca de 15 mil toneladas por ano de restos de manutenção de jardins dessas mesmas escolas. Como resultado, as escolas poderiam evitar o envio anual de até 45 mil toneladas de resíduos orgânicos para aterros sanitários.
O manual enfatiza o papel que as escolas desempenham como agentes educativos ambientais. De acordo com o texto, se todas as unidades municipais de ensino público pudessem ser envolvidas em programas de compostagem, cerca de 340.000 famílias ou 10% da população paulistana estariam indiretamente cientes das possibilidades de separação e reciclagem de resíduos orgânicos.
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Trecho do "Manual para Gestão de Resíduos Orgânicos nas Escolas" |
É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
Escreve às sextas.