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    Mara Gama

    Poluição e aquecimento dos oceanos são temas de conferência da ONU

    13/01/2017 02h00

    Em junho , deve acontecer em Nova York a primeira Conferência das Nações Unidas sobre oceanos. O encontro pretende discutir e apoiar a implementação do SDG 14, a meta 14 do desenvolvimento sustentável, que se refere à conservação dos mares e recursos marinhos.

    Os temas principais serão a poluição marinha, a crescente quantidade de plástico presente nas águas, a sobrepesca, a acidificação, o aquecimento provocado pelas mudanças climáticas e a necessidade de criar zonas de proteção em parques nacionais marinhos.

    Na nota preparatória para a conferência, o comitê da ONU responsável pelo evento ressalta que mais de 80% da poluição marinha é derivada de fontes terrestres como descargas ribeirinhas, escoamento agrícola e industrial, descargas urbanas, águas residuais municipais ou industriais, deposição atmosférica, despejos ilegais ou indiscriminados, além de acidentes com navios e plataformas.

    A densidade populacional nas zonas costeiras é muito mais elevada do que nas zonas mais afastadas do mar. A urbanização acelera ainda mais a tendência, potencializada pelo aumento previsto da população mundial. O escoamento das águas residuais, a poluição causada pela carga de nutrientes e as descargas de resíduos sólidos, plásticos e microplacas são grandes ameaças.

    A falta de sistemas de esgotos e de tratamento de águas em grandes assentamentos urbanos continua a ser fatal para a saúde dos mares. Novas tecnologias de tratamento de efluentes e processos de gestão de resíduos podem ser capazes de minimizar os problemas, mas seus custos tendem a ser altos demais para países em desenvolvimento.

    O consumo e a produção sustentáveis ​teriam impacto poderoso neste contexto. Práticas de economia circular que dizem respeito à maior eficiência do uso de recursos, à reciclagem e à minimização de descargas nocivas para o meio ambiente seriam armas importantes.

    GRANDE MIGRAÇÃO DOS PEIXES

    Reportagem do "The Guardian" de 8 de janeiro mostra como o aquecimento do mar está forçando os peixes a buscarem novas águas a centenas de quilômetros das águas nativas. Duas consequências importantes e conectadas: a invasão de peixes e mariscos de áreas mais quentes nas zonas mais frias e o sumiço de certas espécies de suas antigas áreas de pesca.

    A elevação da temperatura do mar –provocada pela mudança climática– pode causar grandes danos à indústria pesqueira, aos governos e às comunidades que têm na pesca sua única fonte de alimento, principalmente nos países tropicais.

    Além da pesca excessiva e do aquecimento da temperatura do mar, a fauna marinha enfrenta também a acidificação das águas, provocada pelo aumento das quantidades de dióxido de carbono proveniente da poluição atmosférica e absorvido pelos oceanos. A formação de conchas de moluscos e esqueletos externos dos crustáceos é interrompida pelo processo de acidificação das águas.

    No ano passado, lembra a reportagem, o aumento da acidez destruiu partes da Grande Barreira de Corais da Austrália, o que levou os biólogos marinhos a alertarem que os recifes de coral correm risco fatal até o final do século, mesmo que as emissões de dióxido de carbono sejam mantidas em níveis baixos nas próximas décadas.

    O texto termina em tom de alerta: "Os oceanos do mundo estão se aquecendo, com aumentos de temperatura de vários graus sendo previstos para o final do século. Inexoravelmente, os estoques de peixes serão empurrados mais adiante para latitudes elevadas, minando tentativas de gerenciamento e proteção, enquanto a composição da pesca local sofrerá mudanças drásticas. O estresse de um dos recursos mais importantes do mundo vai ser intenso. A grande migração de peixe começou".

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

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