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    Mara Gama

    Ativistas criticam destruição e pedem respeito aos canteiros da Batata

    11/08/2017 12h20

    No dia 28 de julho, um dos canteiros de agroecologia plantados por moradores da região e ativistas no largo da Batata foi retirado pela prefeitura. Ali estavam sendo cultivadas várias espécies, entres elas um Ipê já adulto, uma Peroba Rosa plantada em 2015, arbustos, flores, temperos, tubérculos e plantas alimentícias não convencionais, as PANCs. "Já dava sombra. As pessoas colocavam cadeiras perto do canteiro para se proteger do Sol", conta a médica Maria Eudóxia Carvalho, que faz parte do grupo Batatas Jardineiras.

    "Ficamos surpresos e indignados", diz Maria Eudóxia. Ela é uma das pessoas que cuida do plantio e da preparação da terra deste e de outros canteiros do largo. A manutenção dos canteiros cooperados é regida por um Termo de Cooperação, firmado entre a prefeitura Regional de Pinheiros e duas integrantes do grupo Batatas Jardineiras em outubro de 2016 e publicado no Diário Oficial Municipal em dezembro do mesmo ano. Tem vigência de três anos.

    Foto Batatas Jardineiras
    Cruzes sinalizam as plantas arrancadas no protesto do coletivo Batatas Jardineiras
    Cruzes sinalizam as plantas arrancadas no protesto do coletivo Batatas Jardineiras

    "Procuramos esclarecimento com a prefeitura e não obtivemos nenhuma resposta", afirma. No dia 29, as Batatas Jardineiras fizeram um protesto no canteiro, espalhando cruzes com os nomes das plantas arrancadas. "Tiraram nosso protesto do dia seguinte, o que significa que estão sabendo", diz. "Mas não se comunicam conosco".

    O grupo criou então uma petição pedindo "esclarecimentos sobre o ocorrido", "garantia de que o termo de cooperação não voltará a ser desrespeitado", que seja feita a "compensação da árvore arrancada nos termos legais", que o projeto paisagístico do largo seja "discutido com a sociedade civil" e que haja "transparência na gestão e na continuidade dos canais de diálogo já conquistados". Já há mais de 600 assinaturas. A petição deve ser encaminhada à prefeitura Regional de Pinheiros e à Coordenadoria de Projetos e Obras.

    "Graças ao trabalho dos coletivos cidadãos, o Largo da Batata tornou-se um território democrático que abriga várias influências, embora seja objeto de disputa e gentrificação. Nos últimos anos, havia se instalado uma gestão participativa do lugar, dando vez e voz à comunidade de Pinheiros", diz a carta". "Essa abertura corre risco agora, com a implementação de um projeto paisagístico que não foi discutido com a comunidade e que, no esteio de sua execução, liquida com um jardim inteiro, onde árvores vivas foram arrancadas, a biodiversidade foi suprimida e os valiosos serviços ambientais que as árvores e os ecossistemas em evolução foram extintos", complementa.

    No dia 25 julho, a prefeitura anunciou em seu site um projeto de parceria com a iniciativa privada para o plantio de 80 exemplares de espécies nativas da Mata Atlântica no local, ao custo de R$ 224 mil. As árvores estão sendo plantadas no tamanho adulto e a expectativa é de que a intervenção esteja concluída em meados de setembro.

    "Não podermos afirmar com certeza que a retirada do nosso nicho tem a ver com esse projeto, porque não nos respondem e não há nenhuma transparência. Não temos nada contra esse modelo de paisagismo, mas achamos que os canteiros cooperados têm de ser respeitados", diz Maria Eudóxia.

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

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