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    Mara Gama

    Relatório aponta danos ambientais da indústria da moda

    08/12/2017 08h36

    Ellen MacArthur Foundation
    Stella McCartney e Ellen MacArthur no lançamento do relatório da fundação sobre a nova economia têxtil
    Stella McCartney e Ellen MacArthur no lançamento do relatório da fundação sobre a nova economia têxtil

    Na China, o tempo de utilização da roupa caiu 70% nos últimos 15 anos e 60% das pessoas dizem possuir mais roupas do que precisam, o mesmo índice da Alemanha. No mundo todo, mais da metade da moda rápida produzida é descartada em menos de um ano. A cada ano, US$ 460 bilhões são jogados fora em roupas que poderiam ser ainda utilizadas.

    A combinação entre excesso de consumo e descarte veloz é um dos mais graves problemas da moda, mas há muitos outros. O mais conhecido é o alto consumo de água. São 93 bilhões de metros cúbicos de água anualmente na produção de têxteis.

    A indústria e os negócios da moda geram emissões de gases do efeito estufa de 1,2 bilhão de toneladas ao ano, mais que a poluição atribuída aos aviões. Meio milhão de toneladas de microfibras de plástico são expelidas por ano a partir de roupas lavadas, 16 vezes mais que as microesferas de plástico presentes nos cosméticos. No final das contas, essas microfibras vão poluir os mares.

    Os dados constam de um extenso relatório sobre a indústria da moda lançado na última semana de novembro pela Fundação Ellen MacArthur.

    O estudo aponta também que a produção quase dobrou nos últimos 15 anos e a demanda por roupas continua a crescer. Nesse ritmo, as vendas totais devem chegar a 160 milhões de toneladas em 2050, o triplo do volume atual. Para piorar o quadro, menos de 1% do material utilizado é reciclado para novas roupas. Todo esse volume de material não reciclado contribuiu para o aumento da poluição.

    AÇÃO

    A Fundação promove estudos e faz campanhas em prol da economia circular. Na moda, a partir do relatório, identifica algumas linhas de ação.

    Entre as propostas para romper com o caráter predador, poluidor e gerador do desperdício, há tarefas para todos.

    Do lado do consumidor, aumentar o tempo de utilização das roupas e aderir às trocas. Para a indústria, eliminar substâncias que liberem microfibras e adotar apenas materiais renováveis.

    No comércio e nos serviços, novos modelos são necessários: "Para interromper o caminho linear atual para roupas, modelos que não são centrados na propriedade são fundamentais para atender às necessidades e estilos que mudam rapidamente, como aluguel de roupas", aponta o relatório.

    Stella McCartney é uma das estilistas que apoiam a campanha da Fundação por uma nova economia da moda, e esteve no lançamento do relatório.

    O papel dos designers e criadores de moda é fundamental para a virada. "Projetando e produzindo roupas de maior qualidade e fornecendo acesso a elas em novos modelos de negócios, poderia crescer o número de vezes que as roupas são usadas."

    Com isso, seria reduzida a pressão sobre os recursos naturais e diminuído o impacto negativo. "Se o número de usos de uma peça de vestuário for dobrado, as emissões seriam 44% menores globalmente", diz o relatório.

    mara gama

    É jornalista com especialização em design, roteirista e consultora de qualidade de texto.
    Escreve às sextas.

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