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    Marcia Dessen

    Riqueza, proteção, reserva de valor: as muitas faces do ouro

    28/01/2013 03h00

    Símbolo de riqueza, o ouro é um metal nobre, raro e valioso, que tem diversas aplicações industriais.

    Como investimento, tem perfil defensivo, pois é mais lembrado em períodos de grandes crises e utilizado para proteger a carteira de investimentos contra a depreciação de outros ativos.
    Vamos entender um pouco mais sobre esse vasto e complexo mercado.

    OFERTA E DEMANDA

    A produção mundial de ouro tem sido da ordem de 2.600 toneladas. China, Austrália, Estados Unidos, África do Sul e Rússia são, nos últimos anos, os maiores produtores de ouro do planeta.

    O principal mercado consumidor de ouro no mundo é a joalheria, que absorve aproximadamente 2.000 toneladas por ano.

    As indústrias de joias da Índia e da China respondem por quase metade da demanda mundial de joias, barras e moedas. O setor de investimentos demanda, em média, 1.300 toneladas.

    Em períodos de conflitos, guerras, crises econômicas e instabilidade política, cresce a percepção do ouro como um "porto seguro", cujo valor não se deprecia- como ocorre com as moedas.

    Assim, aumenta a procura desse ativo para compor as carteiras de investimento, seja como uma estratégia de proteção, seja para especular no potencial aumento de preço do metal.

    O PREÇO

    No Brasil, a cotação do grama do ouro em reais é calculada com base em duas variáveis: o preço da onça (31,1 gramas) em dólares, cotada nas Bolsas de Londres e Nova York; e o preço do dólar americano, pela cotação do dólar flutuante no país.

    Nos últimos três anos, a cotação do ouro apresentou valorização bem acima da variação da taxa de juros de mercado e chamou a atenção de alguns investidores.

    Entretanto, no período acumulado de 18 anos pós Plano Real, o ganho nominal bruto do ouro foi pouco superior ao ganho líquido da caderneta de poupança.

    Se você quer entrar nesse mercado de gigantes e aceita os riscos desse mercado, saiba como é possível investir em ouro no Brasil.

    BM&FBovespa

    Você pode comprar contratos de ouro à vista, sendo que a negociação mínima é de um contrato que pode ser o lote-padrão de 250 gramas ou os contratos fracionários de 10 gramas e de 0,225 gramas -com preços mais acessíveis, mas menor liquidez.

    As negociações de ouro na BM&F são feitas por intermédio de uma corretora de valores, a mesma que você utiliza para comprar e vender ações. Os volumes negociados são transferidos automaticamente para a custódia de instituições credenciadas, procedimento que garante a origem e o teor de pureza do metal negociado.

    Os custos são semelhantes aos praticados no mercado de ações: corretagem, emolumentos e custódia.

    Consulte sua corretora para saber se ela opera nesse mercado e quais são os custos de transação.

    BARRA DE OURO

    O ouro físico, em barras, pode ser comprado diretamente em instituições, financeiras ou não, que comercializam o metal no país, sem limite mínimo de quantidade.

    Para adquirir o produto, é preciso realizar um cadastro e apresentar os documentos exigidos (RG, CPF, comprovante de residência e, para compras acima de R$ 10 mil, comprovante de renda).

    O metal pode ser retirado ou enviado pelo correio, no caso de aquisições de valores abaixo de R$ 10 mil.

    Pense bem antes de optar pela retirada e guarda do metal em casa. Em princípio, você reduz alguns custos, mas terá custos adicionais quando vender as barras de ouro, além de correr o risco de perda ou roubo.

    Como as barras estão fora de ambiente oficial e seguro de custódia, terão de passar por um procedimento de reavaliação do teor de pureza para determinar o seu valor e voltar ao mercado.

    Fique atento: a diferença entre o valor de compra e venda (spread) dos contratos negociados em Bolsa é muito menor quando comparado com os preços praticados no mercado de ouro físico.

    Além disso, a liquidez é maior nos contratos de ouro que não exigem reavaliação do metal toda vez que você quiser fazer uma operação.

    ISENÇÃO DE IR

    O ganho de capital apurado nas operações de contratos de ouro negociados em Bolsa é isento da incidência do IR (Imposto de Renda).

    A isenção tributária é válida somente para pessoas físicas nas operações cujo valor de venda não tenha sido superior a R$ 20 mil por mês.

    A regra se aplica apenas nas operações de ouro "ativo financeiro", que são os contratos negociados em Bolsa. Não é válida na venda de barra de ouro físico, considerada "mercadoria".

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

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