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    Marcia Dessen

    Analise corretamente a rentabilidade de seus investimentos

    06/05/2013 03h30

    Mais um mês se passou. E, como de praxe, os meios de comunicação divulgaram a rentabilidade acumulada no mês, no ano, nos últimos 12 meses, dos principais produtos de investimento e indicadores financeiros do mercado.

    A análise do investidor, baseada exclusivamente nessa informação, pode conduzir a uma leitura equivocada, considerando dois aspectos importantes: (1) a rentabilidade divulgada é bruta e não leva em conta o imposto de renda a pagar; e (2) considera, no caso dos fundos de investimento, a rentabilidade média de cada classe de fundos.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Rentabilidade de investimentos

    Cabe ao investidor apurar, com base nas suas condições específicas, a rentabilidade líquida das aplicações. Para isso, deve considerar a rentabilidade bruta do seu produto e descontar o imposto em função do prazo de permanência (no caso de renda fixa).

    A rentabilidade dos depósitos em poupança, por exemplo, não fica bonita na foto apresentada. Ela parece pequena, tímida, inferior, quando comparada a outras aplicações, em uma mesma tabela.

    Essa comparação é injusta pois a rentabilidade da poupança é a única isenta da incidência do Imposto de Renda e acaba sendo comparada, indevidamente, com a rentabilidade bruta das outras aplicações.

    BRUTA X LÍQUIDA

    As aplicações em CDB, fundos de investimento e planos de previdência, entre outras, estão sujeitas ao pagamento do Imposto de Renda. Para comparar corretamente a rentabilidade entre elas, antes de dizer que a aplicação A foi melhor do que a aplicação B, precisamos apurar a rentabilidade líquida de cada uma, após o pagamento do tributo.

    Essa não é uma tarefa simples, e talvez isso justifique a simplificação adotada pelos meios de comunicação, de publicar a rentabilidade bruta de cada produto, deixando para o investidor a tarefa de apurar o ganho líquido.

    A primeira parte do quadro acima demonstra a rentabilidade bruta, líquida e real líquida (deduzida a inflação e o imposto de renda) de alguns produtos.

    A rentabilidade refere-se ao período de 12 meses, acumulado até o mês de março de 2013. Considera IR de 15% sobre os fundos de investimento, aplicável no caso de operações com prazo superior a dois anos.

    Para calcular a rentabilidade real, utilizamos a inflação de 6,59% no período, medida pelo IPCA.

    A poupança nova não foi incluída por não ter completado período de 12 meses até março de 2013.

    Infelizmente, não pude incluir os planos de previdência nessa análise considerando a complexidade dos planos.

    No caso do regime de tributação definitiva (tabela regressiva), as alíquotas do IR variam entre 35% e 10% em função do prazo.

    No caso do regime tributável, as alíquotas oscilam em função da faixa de renda total do contribuinte e variam de 0% a 27,5%.

    Além disso, teríamos de considerar que, no VGBL, o imposto incide somente sobre os rendimentos, e no PGBL, sobre todo o montante acumulado, capital mais juros.

    Mais trabalho para o investidor apurar sua rentabilidade líquida. Mas insisto que a apuração seja feita para que você tenha a informação correta da quantidade de dinheiro que entraria no seu bolso com o resgate da operação.

    INDICADORES

    Outra análise que deve ser feita permite avaliar a rentabilidade do seu investimento em relação ao indicador financeiro adotado como parâmetro de cada produto.

    O investidor saberá se o desempenho de seus produtos foi superior ou inferior ao "benchmark". Se utilizarmos a rentabilidade média dos fundos, por exemplo, podemos calcular a rentabilidade relativa em relação ao parâmetro.

    Periodicamente, faça a lição de casa e avalie sua carteira de investimentos comparando-a com os indicadores financeiros e a rentabilidade média de mercado.

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

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