• Colunistas

    Saturday, 04-May-2024 09:32:38 -03
    Marcia Dessen

    Renda fixa testa a tolerância dos investidores ao risco

    25/11/2013 03h30

    Em 2013, o investidor da renda vive instabilidade digna do mercado acionário e aprende do jeito mais difícil e doloroso que os preços também flutuam. Essa volatilidade existe há anos, desde que o procedimento de marcação a mercado passou a ser adotado para precificar os ativos -para determinar o valor pelo qual o mercado está disposto a comprar ou vender um título antes do vencimento.

    Se analisarmos a população de investidores do Tesouro Direto, podemos apurar que tem bastante gente nesse barco que navega por águas bem turbulentas. Segundo a tabela que registra o estoque em setembro deste ano, os títulos remunerados por índices de preços respondem pelo maior volume no estoque, alcançando 65,7%. A participação dos títulos prefixados é de 25,0% e a dos títulos indexados à Selic (juro básico), 9,3%.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A composição do estoque por prazo também releva que os investidores detêm nível de risco elevado hoje. Somente 5,1% dos títulos vencem em até um ano sendo que a maior parte, 52,0%, é composta por títulos com vencimento entre um e cinco anos. Os títulos com prazo entre cinco e dez anos, por sua vez, correspondem a 13,8% e os com vencimento acima de dez anos, a 29,1%.

    PERDAS À VISTA

    A combinação da elevação da taxa de juros com o prazo longo das posições resulta em perdas potenciais significativas para muitos investidores de acordo com a rentabilidade divulgada no site do Tesouro Direto.

    Lembre-se de que essa é a rentabilidade bruta acumulada que o investidor obteria se vendesse o título agora, antes do vencimento. Essa rentabilidade é distinta da contratada no momento da compra pois reflete a flutuação de preços no mercado secundário de títulos públicos.

    Essa é uma prova de fogo para os investidores que optaram pelos títulos de renda fixa. Quero crer que a estratégia de investimento da maioria foi a de buscar proteção contra a inflação para o capital investido e que a flutuação atual de preços, embora desconfortável, será tolerada e não determinará a venda antecipada dessa posição, decisão que implicaria em prejuízo irreversível para o investidor.

    Quem não precisa resgatar os recursos imediatamente e acredita na recuperação do mercado deve aguentar até o vencimento do título para receber a rentabilidade contratada no dia da compra. Pode também esperar um cenário mais favorável, de estabilidade ou de queda da taxa de juros, que trará os esperados resultados positivos.

    Quem precisa de dinheiro e não tem tempo de esperar aprendeu que fez a opção equivocada quando escolheu esses títulos para investir recursos de curto prazo. Optar pelos títulos de taxa pós-fixada, como a LFT (Letra Financeira do Tesouro), é a alternativa mais segura e recomendável nesse caso.

    OPORTUNIDADE

    Sabemos que as melhores de oportunidades de compra se apresentam em momentos de crise, quando o preço dos ativos está descontado diante da perspectiva de maior risco. O preço da LTN (Letra do Tesouro Nacional), NTN-F e NTN-B (Notas do Tesouro Nacional Séries F e B, respectivamente), por exemplo, desvalorizaram-se bastante conforme demonstra a tabela de rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto.

    As taxas subiram muito se comparadas às taxas oferecidas no início deste ano e atingiram um patamar que começa a chamar a atenção de alguns investidores que dispõem de recursos para posições de longo prazo, dispostos a correr risco em busca de melhor retorno.

    Se esse é o seu caso, considere que a situação macroeconômica ainda não está totalmente resolvida e muita volatilidade ainda vem pela frente. Uma estratégia possível seria a de comprar lotes progressivamente ao longo das próximas semanas e meses visando se beneficiar das, aparentemente, generosas taxas atuais.

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024