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    Marcia Dessen

    É preciso planejar as finanças do casamento e do casal

    24/02/2014 03h00

    Camila e Alexandre vão se casar em dezembro. Decidiram que querem celebrar a união com os familiares e amigos e estão em meio aos muitos preparativos: igreja, recepção, convites, vestido de noiva, fotografia, música, lua de mel e outras coisinhas que vão aparecer.

    Eles pretendem pagar tudo antes do casamento porque não querem levar dívida na bagagem. Sábia decisão!

    Entretanto, estão correndo riscos porque não sabem quanto vão gastar. Ainda está em tempo de evitar surpresas desagradáveis: basta colocar tudo no papel e fazer um bom planejamento.
    Também não planejaram como serão as finanças do casal depois do casamento. Essa é uma conversa nada romântica, mas absolutamente necessária.

    CUMPLICIDADE

    O casamento é um projeto de vida que reúne duas pessoas que querem compartilhar, juntas, muitos projetos. Serão cúmplices, amigas, amantes, viverão uma pela outra, para o que der e vier.

    Muitos dos projetos do casal exigem dinheiro: a moradia, própria ou alugada, investimento na carreira, a educação dos filhos, o lazer e muito mais. Precisamos de dinheiro para viver com segurança e conforto.

    A maioria dos casais hoje é constituída por pessoas independentes, que geram sua própria renda e financiam hábitos saudáveis e outros nem tanto. Aos olhos do parceiro(a), podem parecer perda de tempo e dinheiro.

    O ato do casamento não anula a individualidade, os projetos do casal irão se juntar aos individuais.

    Formação acadêmica continuada, cursos para o desenvolvimento profissional, viagem ao exterior para aprendizado de outro idioma são alguns exemplos de projetos que podem envolver apenas um dos membros em determinada fase da vida.

    É preciso planejar e separar o dinheiro que financia os projetos de vida do casal dos projetos e reservas individuais. Os rendimentos de Camila e de Alexandre são variáveis, já que ambos trabalham por conta própria. Mais uma razão para planejarem com antecedência as finanças da família que irão constituir em breve.

    A renda média de Alexandre é maior que a de Camila.

    Para que o esforço de poupança de ambos seja equivalente, uma alternativa seria definir um mesmo percentual da renda de cada um, 75% por exemplo, que será depositado em uma conta conjunta, cujos recursos serão destinados a custear o orçamento doméstico e os projetos futuros do casal.

    Exemplificando, se Alexandre ganha R$ 4.000, contribui com R$ 3.000, e Camila, que ganha R$ 3.000, contribui com R$ 2.250.

    A destinação dos recursos poupados deve ser definida em comum acordo. Em primeiro lugar, custear as despesas do orçamento: moradia, alimentação, transporte, saúde, serviços públicos, enfim, o básico. Em segundo lugar, dinheiro para construírem juntos o futuro: compra da casa própria, reforma da cozinha e do banheiro, escola das crianças, um carro novo, viagem de férias e por aí vai.

    Os outros 25% da renda de cada um podem ser destinados a uma conta individual. Gaste como quiser, com as coisas que só você quer ou precisa, sem ter que dar explicações ao outro.

    MULHERES X HOMENS

    As mulheres costumam gastar mensalmente uma quantia nada desprezível de dinheiro no salão de beleza.

    Os gastos com roupas e acessórios tendem a ser bem superior aos dos homens. A mulher também adora presentear a si mesma e aos outros. Cremes, perfumes e maquiagem, então? Outra pequena fortuna. Na opinião dos homens, tudo bobagem.

    Os homens, por sua vez, gastam com outras "coisinhas": o carro, ah! O carro, uma das maiores paixões masculinas. Aparelhos eletrônicos em geral também exercem um poder sobrenatural sobre os homens, dada a frequência com que trocam o celular, o computador, o tablet. Ah, tem também os jogos de futebol e a cervejada de comemoração com os amigos. Na opinião das mulheres, tudo bobagem.

    Quem tem razão? Qual dos dois sabe "gastar" melhor? Não tem certo ou errado nessa história. Não tem ganhador e perdedor. O casal será feliz e viverá em harmonia, em termos financeiros, se o acordo tiver sido feito antes de o jogo começar.

    Conta conjunta foi apenas um exemplo de como organizar as finanças do casal. O que funciona no seu caso? Vocês saberão o que fazer depois de discutir a relação com o dinheiro. E leve a sério porque, aqui entre nós, não há amor que resista a problemas financeiros.

    Dinheiro não traz felicidade, mas ajuda pra caramba. Que ele seja um ponto forte na relação do casal. Sejam felizes.

    *

    DICAS QUE VALEM DINHEIRO

    1. Juntos, planejem o futuro e organizem as prioridades. Se não houver dinheiro para fazer tudo ao mesmo tempo, definam o que vai ter de esperar

    2. Monitorem o planejamento inicial. Muito provavelmente ele vai mudar ao longo do tempo

    3. Parte da sua renda é sua, de ninguém mais. Que cada cônjuge gaste como quiser. E não discuta nem reclame de como o outro gastou dinheiro

    4. Dinheiro de orçamento é sagrado. Respeite o combinado e evite discussões desnecessárias

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

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