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    Marcia Dessen

    O que você compra com o seu cartão de crédito?

    03/03/2014 03h00

    Os números da indústria de cartões impressionam. Em 2013, foram realizadas 9,3 bilhões de transações comerciais com esse meio de pagamento. O volume transacionado foi de R$ 853 bilhões, dos quais R$ 553 bilhões com cartões de crédito e R$ 300 bilhões com o de débito. A estimativa é atingir R$ 1 trilhão em 2014.

    COMPRA O QUÊ?

    Hoje é possível pagar qualquer transação com cartão. São raros os estabelecimentos comerciais que não aceitam esse meio de pagamento, correndo o risco de perder clientes para a concorrência.

    Perto da data do vencimento, chega a fatura com a lista de compras feitas com o plástico e que agora devem ser pagas. Você dedica alguns minutos para examinar e conferir se, de fato, realizou aquelas transações? Como você lança o valor do cartão na sua planilha de controle do orçamento?

    O mais provável é que você lance o valor da fatura em uma linha denominada "cartão de crédito", sem classificar corretamente o que foi comprado. A fatura lista, indiscriminadamente, todas as compras realizadas: supermercado, padaria, farmácia, combustível, lavanderia, restaurantes, roupas, presentes, viagens etc.

    Quando isso acontece, deixamos de controlar adequadamente nosso orçamento porque não sabemos quanto dinheiro foi destinado a cada item. Dá um pouco de trabalho, mas é preciso transportar cada transação para a respectiva categoria da planilha de controle.

    Supermercado, padaria, sacolão, açougue, por exemplo, pertencem à categoria alimentação. Restaurantes, cinema, teatro e viagens, à lazer. O importante é que você identifique como está gastando o dinheiro e se as despesas estão dentro do limite estabelecido para cada coisa.

    Não culpe o cartão de crédito pelo estouro do orçamento. Ele é apenas um meio de pagamento -tentador, é verdade, que representa risco para suas finanças se não for usado com moderação.

    PAGOU OU FINANCIOU?

    Limite de crédito pré-aprovado, que pode ser utilizado a qualquer momento, sem precisar pedir, explicar, apresentar fiador. O problema é que essa conveniência tem um preço, e muito alto.
    Quem utiliza esse crédito paga a taxa de juros mais alta do mercado, raramente inferior a 10% ao mês, podendo superar 15% ao mês.

    Tem muita gente confundindo as coisas, e o que deveria ser um simples meio de pagamento de despesas se transforma em uma dívida com os juros mais altos do planeta. Estima-se que 20% das transações com cartões de crédito são financiadas. Complicado!

    CARTÃO DE DÉBITO

    Adote o mesmo procedimento de classificação de despesas com o cartão de débito. Sua conta-corrente é debitada automaticamente, assim, você elimina a chance de gastar mais do que pode. Entretanto, como não recebe uma fatura, como no caso do cartão de crédito, você pode facilmente perder o controle da situação. Uma comprinha aqui, outra acolá, no final do mês o montante pode surpreender.

    Dica: no início de cada mês, acesse o site do seu banco, selecione o período do mês anterior e obtenha o extrato das transações feitas com o cartão de débito. Assim, saberá quanto sacou de dinheiro e gastou com coisinhas não identificadas.

    SURPRESAS

    Antes de viajar, lembre-se de avisar ao banco ou à administradora dos cartões. Como você fará compras fora do seu perfil de consumo, muito provavelmente não conseguirá realizar saques ou pagamentos.

    Antes de viajar, verifique qual é o seu limite disponível. As compras parceladas, sem juros, comprometem parte do limite total. Você pode ter limite de R$ 5.000 e somente R$ 2.500 disponível para novas compras. A fatura mensal do cartão informa os dois limites.

    Verifique se seus dados cadastrais estão corretos para não passar o aperto que meu amigo Daniel passou no último dia de viagem ao exterior. Depois de passar uns 40 minutos fazendo compras em uma loja, tentou pagar com o cartão de crédito.

    Transação recusada. Ligou para o banco solicitando explicações e o atendente pediu uma série de informações pessoais, entre elas o número do RG. Daniel forneceu o número e o atendente disse que a informação estava incorreta e não liberou o pagamento. Constrangido, Daniel se desculpou com o vendedor e desistiu das compras.

    De volta ao Brasil, descobriu que o número do RG no cadastro do banco era o número de sua carteira de habilitação!

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

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