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    Marcia Dessen

    Escolha quais e quanto risco correr em seus investimentos

    15/09/2014 02h00

    Não existe investimento sem risco. Cada modalidade expõe o dinheiro do investidor a algum tipo de risco, em maior ou menor escala.

    Antes de investir é preciso entender —e aceitar— os riscos para atingir os objetivos traçados.

    RISCO DE CRÉDITO

    Talvez esse seja o principal e menos percebido risco que ameaça o investidor. Risco de emprestar dinheiro para alguém e não recebê-lo de volta. O que isso tem a ver com o mundo dos investimentos?

    Tudo a ver quando se trata de uma operação de "renda fixa", empréstimo feito pelo investidor (doador) ao tomador dos recursos, determinando prazo e remuneração. Assim, o risco de crédito, em português claro, é a possibilidade de calote, de não receber seu dinheiro de volta. Perder 100% do capital investido e entrar na fila dos credores esperando por uma recuperação financeira que nem sempre acontece.

    Que aplicações expõem seu dinheiro ao risco de crédito? Exceto os títulos públicos federais, considerados livre desse risco, qualquer operação feita no setor privado, com instituições financeiras e não-financeiras, tais como: poupança, CDB, LCI, LCA, debêntures, letras de câmbio, etc.

    Nos fundos de investimento, o risco de crédito se apresenta nos títulos privados que compõem a carteira do fundo. Antes de aderir, leia o prospecto ou lâmina para saber qual é a política de investimento do fundo. Alguns investem acima de 50% do patrimônio em "crédito privado" e são obrigados a deixar isso claro na denominação do fundo.

    Alguma garantia para proteger o investidor contra esse risco? Somente depósitos feitos em instituições financeiras são protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), com garantia limitada a R$ 250 mil por investidor.

    RISCO DE LIQUIDEZ

    Possibilidade de sacar o dinheiro a qualquer momento, sem perdas, e receber os rendimentos proporcionais ao tempo de permanência. A liquidez é absolutamente necessária em casos como recursos destinados à reserva para emergências. Em outros, em razão do objetivo, o investidor pode tolerar carências de meses ou anos para ter seu dinheiro de volta.

    Quanto menor a liquidez, maior tende a ser a remuneração. Os depósitos bancários, por exemplo, são cotados com liquidez diária ou com liquidez depois de cumprida certa carência estabelecida. Muitos fundos de investimento oferecem liquidez diária, outros exigem carência de meses entre a data do pedido e a data do pagamento do resgate.

    Investimento em imóveis é um exemplo clássico de alternativa segura, de baixa liquidez. Fundos imobiliários, por exemplo, são fechados e não permitem resgate das cotas. O cotista deve vender as cotas do fundo no mercado e lidar com o risco de maior ou menor demanda.

    RISCO DE MERCADO

    Investimento em ações é, provavelmente, o exemplo óbvio de risco de mercado. Incerteza, oscilação de preço, para cima ou para baixo, volatilidade, são típicos dessa modalidade de investimento. Também aceitamos com naturalidade volatilidade nas aplicações em moeda estrangeira. Mas se engana quem pensa que operações de renda fixa escapam desse risco.

    O risco se apresenta exatamente na operação percebida como a de menor risco: a de taxa prefixada. É comum o erro de entendimento de que a taxa prefixada será paga sempre, mesmo antes do vencimento do título. Muitos acreditam que irão receber a taxa negociada calculada pelo tempo decorrido. Não é assim que funciona.

    Para receber a taxa de juros negociada no dia da compra, o investidor deve manter o título até o vencimento. Antes disso, está exposto à flutuação desfavorável no preço diante da elevação dos juros.

    Quando o juro de mercado está acima da taxa de compra, o título perde valor se resgatado antes do prazo, já que seu valor futuro será descontado por uma taxa mais alta, produzindo um valor presente menor.

    Além da taxa de juros, outra variável afeta o preço do título: o prazo a decorrer até o vencimento. Quanto maior o prazo, maior será o impacto do desconto. Quando a taxa de juros de longo prazo sobe, cai o valor do título e essa desvalorização será tanto maior quanto maior for o prazo a decorrer. O inverso é verdade: o investidor ganha quando a taxa de juros cai.

    Importante lembrar que o prazo do título é uma escolha do investidor que poderá reduzir ou ampliar o risco de acordo com sua expectativa.

    Dado que a exposição a riscos é um fato, o que pode ser feito para reduzi-lo? Diversificar é uma solução simples, prática e eficaz. Falaremos sobre esse assunto na próxima semana.

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

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