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    Marcia Dessen - Joana Cunha

    Planejamento transforma sua vida

    02/03/2015 02h00

    Tenho convicção de que planejamento financeiro é uma prática que transforma a vida das pessoas de forma positiva. São inúmeros os benefícios. E não é preciso ser um expert para praticar.

    As donas de casa, por exemplo, praticam intuitivamente quando procuram comprar os produtos da época, com preços mais baixos em razão da safra; quando substituem produtos cujos preços subiram demais; ao pesquisar os pontos de venda em busca da melhor oferta. Assim, compram mais com menos dinheiro.

    Quem não planeja financeiramente os hábitos de consumo se limita a pagar as contas que chegam, agindo de forma reativa, impedido de escolher o que pagar e o que deixar para depois. Na verdade, as escolhas já foram feitas no momento do consumo. Agora é tarde para planejar; o poder está nas mãos do cobrador, que quer receber pelo serviço prestado ou pelo produto vendido. Muitas vezes, pagamos por obrigação, já arrependidos do gasto realizado.

    ESCOLHA

    Planejar não significa renunciar, dizer a si mesmo que não pode isso ou aquilo e ficar com a sensação de fracasso. O planejamento ajuda a:

    1) assumir o controle: tudo o que entra e sai do seu "caixa", seja em dinheiro vivo, cartões de débito, crédito, cheques, débito em conta e qualquer outro meio de pagamento;

    2) definir prioridades: separar o que queremos do que precisamos, a fim de organizar as despesas de acordo com a disponibilidade de caixa e a importância que o item de consumo representa no orçamento;

    3) estabelecer limites: o que não couber no orçamento deste mês pode ser planejado para o seguinte ou descartado, se não for prioridade;

    4) poupar: destinar parte dos recursos para compromissos e objetivos futuros, tais como, IPTU, IPVA, seguro do carro do próximo ano, a viagem de férias, a reforma da casa, e por aí vai. Quanto antes iniciarmos a poupança, menor será o esforço para atingir metas de longo prazo.

    CRÉDITO CERTO

    As linhas de crédito são fartas, disponíveis e caras! É uma tentação poder comprar agora, sem dinheiro no caixa, já que tem alguém disposto a financiar seu consumo não planejado. O preço, entretanto, é muito alto. Muita gente olha só para o valor da prestação, que parece pequena, e não se dá ao trabalho de multiplicar pela quantidade de parcelas para calcular o valor total da compra. Muitas vezes, a parcela se refere somente a juros, e a dívida cresce exponencialmente, já que não é amortizada parcialmente. Se uma simples conta de multiplicar fosse feita, o consumidor saberia que está levando um e pagando dois, três ou mais!

    Contraditoriamente, o financiamento do cartão de crédito é o mais caro e o mais usado pelo brasileiro. Uma fatura de R$ 1.000 financiada em dez vezes, com juros de 15% ao mês, vai tirar do seu bolso R$ 4.000 ao ser
    quitada! Se você não tinha caixa para pagar R$ 1.000, como pagará R$ 4.000?!? Fique atento:

    a) não use linhas de crédito disponíveis no cartão e cheque especial; são práticas, sedutoras, mas caras!

    b) antes de contrair dívida ou fazer compra parcelada, pense em como pagar. Se o orçamento mal dá conta dos gastos correntes, que despesa pretende cortar ou reduzir para encaixar outra no orçamento?

    c) pesquise alternativas de crédito menos caras e pense antes de fazer dívida. O benefício do consumo imediato deve ser alto para compensar o custo, que não será baixo.

    d) use crédito para construir patrimônio, nunca para consumo. Um equipamento comprado a prazo usado para produzir e vender produto que contribuirá para entrada de dinheiro no caixa é um exemplo.

    DETERMINAÇÃO

    Nem tudo se pode controlar. São muitos os imprevistos com os quais lidaremos. Ao planejar nossos objetivos e nossas finanças, reduzimos o grau de incerteza do futuro.

    O desafio de abrir mão de pequenos prazeres no presente para colher frutos generosos no futuro não é pequeno, mas vale a pena. Estabeleça metas possíveis, que podem ser atingidas com esforço, sem abrir mão do
    bem-estar no presente.

    Temos a liberdade de fazer escolhas, tomadas de acordo com uma hierarquia de valores estabelecidos, e somos responsáveis por elas. Sonhos maiores serão alcançados com o tempo e muita determinação.

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

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