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    Marcia Dessen

    Um mesmo mercado, riscos diferentes

    20/04/2015 02h00

    Parece que o investidor da poupança cansou de perder dinheiro para a inflação. No primeiro trimestre de 2015, cerca de 4 milhões de pessoas sacaram R$ 23 bilhões da poupança.

    Fácil entender por quê. A remuneração fixa de 6,17% ao ano mais TR está cada vez mais distante da Selic de 12,75%, sem perspectiva de redução no curto e médio prazo.

    Grande parte desse dinheiro pode ter migrado para as aplicações em LCI (Letra de Crédito Imobiliário), que, ao contrário da poupança, conquistaram novos investidores nos últimos meses. Também isenta do Imposto de Renda, a LCI tem chamado a atenção de médios e grandes investidores em busca de rentabilidade mais atraente.

    Além da LCI, uma modalidade de fundo de investimento vem ganhando espaço, atraindo pessoas interessadas em investir no mercado de imóveis: o fundo imobiliário. Apesar do mesmo sobrenome "imobiliário", comprar uma Letra de Crédito Imobiliário ou aderir a um fundo imobiliário são investimentos muito distintos, com naturezas de risco bem diferentes.

    LCI

    A LCI, assim como a poupança, é uma aplicação do mercado de renda fixa, que expõe o investidor ao risco de crédito, cuja ocorrência pode impedir o depositante de receber seu dinheiro de volta se o banco quebrar. LCI e poupança contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos, limitada a R$ 250 mil por investidor.

    A rentabilidade da LCI é predeterminada, atrelada à variação da taxa DI. A aplicação pode ser feita com ou sem liquidez, condição que permite resgate a qualquer momento. No vencimento, o dinheiro volta para a conta-corrente e é preciso renegociar a aplicação e começar tudo de novo.

    A emissão das LCIs está condicionada à existência de financiamento de projetos imobiliários concedidos pelos bancos. Por essa razão, nem sempre a aplicação está disponível, principalmente nos bancos privados. Nos bancos públicos, a oferta é mais estável e frequente.

    A remuneração varia bastante, a partir de 80% da taxa DI; quanto maior o valor aplicado, maior tende a ser a rentabilidade. Como a operação é isenta do Imposto de Renda, a rentabilidade final, no bolso do investidor, vale a pena.

    FUNDO IMOBILIÁRIO

    Fundo fechado (não admite resgate) que investe em ativos imobiliários ou direitos relativos a esses ativos. Pode adquirir um ou mais imóveis, parte de imóveis, direitos relativos a imóveis, entre outros títulos e valores mobiliários que tenham o mercado imobiliário como foco principal.

    São duas as fontes de ganho do investidor: renda de aluguéis e ganho de capital obtido na venda das cotas em Bolsa.

    O primeiro, isento de Imposto de Renda para pessoas físicas, se o fundo atender aos critérios da Receita Federal.

    O segundo, tributado em 20%. Lembre-se de que estamos falando de ganhos potenciais, já que não é possível determinar ou assegurar que aconteçam.

    Além do risco de crédito da LCI e de outros títulos de dívida, o cotista do fundo imobiliário está exposto ao risco de mercado (oscilação de preço), decorrente dos riscos inerentes aos negócios imobiliários, tais como inadimplência, vacância, taxa de ocupação, insucesso do empreendimento. Não conta com a garantia do FGC mesmo quando constituído integralmente por títulos de renda fixa.

    A falta de liquidez é outro risco a considerar. Alguns fundos apresentam baixo volume de negociação em Bolsa, dificultando a venda e impedindo a formação do valor das cotas de forma transparente. A gestão profissional dos fundos imobiliários reduz, mas não afasta os riscos citados.

    ATENÇÃO

    Alguns fundos imobiliários oferecidos no mercado investem basicamente em títulos de renda fixa, entre eles a LCI. Uma coisa é comprar LCI diretamente do banco emissor. Outra coisa, bem diferente, é comprar cotas de um fundo imobiliário que investe em LCI. Fique atento.

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

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