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    Marcia Dessen

    Quanto mais cedo, melhor

    07/03/2016 02h00

    A tendência é que sejamos longevos. Ganhamos mais tempo para desfrutar a vida, os netos, as atividades que nos dão prazer. Parar de trabalhar ou trabalhar menos é uma possibilidade para quem foi previdente e se preparou financeiramente para essa fase da vida.

    Não é fácil guardar dinheiro. Nos tempos atuais, então, faltando até para o básico, muita gente tem dificuldade de abrir mão de parte do salário e pensar no futuro. Mal estamos dando conta do presente. Se você acha que o futuro a Deus pertence, cuidado! Deixar para amanhã o que você pode fazer hoje pode custar caro.

    Paulo e Pedro têm a mesma idade, ganham a mesma coisa e têm objetivos de investimento semelhantes. Decidiram investir parte do que ganham pensando no futuro.

    Combinaram poupar R$ 3.000 por ano, R$ 250 por mês, e não mexer no dinheiro até o aniversário de 65 anos, quando os cofrinhos seriam abertos para conferir quanto cada um conseguiu poupar.

    Uma única diferença no pacto que fizeram: um deles começou a investir antes do outro. Paulo começou aos 25 anos e investiu o que combinaram durante dez anos. Parou de fazer novos depósitos, mas deixou o dinheiro lá, trabalhando para ele. Pedro começou aos 35 anos e investiu o mesmo valor mensal durante 30 anos.

    VALOR FUTURO - Aplicação mensal de R$ 250, a 9% ao ano, em R$
    Suponha que ambos tenham ganhado 9% ao ano, depois de pagar despesas e impostos, sem descontar a inflação. Quem você acha que terá mais dinheiro quando completarem 65 anos? Paulo começou cedo, mas contribuiu durante dez anos apenas. Pedro só começou a investir dez anos depois, mas contribuiu durante 30 anos. O esforço de Pedro foi muito maior, será que ele ganhou a parada?

    O ponto de partida foi quando ambos tinham 25 anos de idade. Paulo iniciou o investimento que manteve durante dez anos. Pedro não fez nada. No décimo ano, aniversário de 35, Paulo tem R$ 47.747, valor que permaneceu investido por mais 30 anos. Pedro tem saldo zero e começou a fazer os aportes que tinham combinado.

    No quadragésimo ano, aos 65, Paulo terá R$ 631.835, e Pedro, R$ 427.815. Ué, Pedro tirou muito mais dinheiro do bolso e tem menos do que Paulo?! Será que errei na conta? Como pode?

    Sabemos que os dois amigos investiram R$ 250 por mês e tiveram o mesmo retorno de 9% ao ano. Será que o fator tempo isoladamente explica toda a diferença? Com certeza.

    No caso de Paulo, que iniciou a acumulação do dinheiro aos 25, o período de capitalização dos juros foi de 40 anos, dos 25 aos 65 anos. A alavanca do tempo sobre os juros, no caso de Pedro, foi menor. Foram 30 anos de capitalização dos juros, dos 35 aos 65 anos.

    Paulo desembolsou R$ 30.000 em dez anos (R$ 250 em 120 meses) e ganhou R$ 601.835 de juros. Pedro desembolsou R$ 90.000 em 30 anos (R$ 250 em 360 meses) e ganhou R$ 337.815 de juros. Ele já fez e refez as contas e ainda não acredita que, com apenas 1/3 do que ele investiu, o amigo tem um patrimônio quase 50% maior do que o dele. Fica se perguntando onde foi que ele errou...

    O tempo foi o aliado de Paulo. Começar dez anos antes fez toda a diferença. Com um esforço muito menor do que o do amigo, conseguiu um montante consideravelmen- te maior. Se não tivesse interrom- pido a aplicação mensal depois de dez anos, aos 65 teria mais de R$ 1 milhão.

    O impacto da inflação não foi levado em conta nesse exemplo. A ideia foi isolar a variável tempo e demonstrar que, quanto mais cedo começarmos a poupar, melhor.

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

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