• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 08:32:07 -03
    Marcia Dessen

    Há um título público adequado para cada objetivo; vale diversificar

    28/11/2016 02h00

    Fernando de Almeida/Folhapress
    Ilustração coluna Márcia Dessen 28.nov

    Maria vai receber cerca de R$ 100 mil do FGTS em razão do deferimento de aposentadoria e está muito indecisa sobre como aplicá-lo. Como vai continuar trabalhando, não deve precisar desse dinheiro no curto prazo. Ouve recomendações de aplicações em Tesouro Direto, mas tem dúvida sobre em qual título investir.

    Maria conhece a diferença entre os três títulos disponíveis, o Tesouro Selic (taxa pós-fixada), o Tesouro Prefixado (taxa prefixada) e o Tesouro IPCA+ (inflação + juros). Entretanto pergunta qual deles deve comprar no momento, com tanta coisa acontecendo no país e no mundo.

    De fato a pergunta não é simples, e a resposta adequada, menos ainda. Eu poderia responder de forma sucinta e sugerir Tesouro Selic, indicada para este período de muita incerteza. Essa resposta, embora correta, seria simplista e nada educativa. Maria continuaria sem saber como escolher a melhor opção em qualquer cenário econômico, em outra fase da vida ou outro objetivo de investimento.

    A recomendação mais adequada só pode ser feita depois da coleta e análise de uma série de informações adicionais. Esse é um exemplo clássico de perguntas que são respondidas com perguntas.

    Maria tem perfil conservador e deseja concentrar suas aplicações em renda fixa. Investir em ações ou moeda estrangeira não está nos seus planos. O horizonte de tempo é de longo prazo, já que o objetivo do investimento é acumular recursos para a aposentadoria. Definiu o prazo mínimo de cinco anos, mas admite que pode alongar esse prazo, se necessário. Seu objetivo é preservar o patrimônio contra a inflação e assegurar renda futura.

    Maria precisa de liquidez? Tem um fundo de reserva para emergências? Se o FGTS fosse sua primeira e única aplicação, a recomendação seria a de criar o fundo de reserva, optando pelo menor risco possível e alta liquidez, o Tesouro Selic.

    Não é o caso. Ela tem uma boa carteira de investimento à qual o novo aporte será adicionado. Entretanto, está concentrada em ativos de taxa pós-fixada. Analisando a carteira como um todo, ela começa a achar que faz sentido diversificá-la, buscando outro tipo de remuneração. Muito bom observar como o conjunto de perguntas e respostas reforça o conhecimento de Maria e ajuda no processo de análise e tomada de decisão.

    Finalmente, e não menos importante, é preciso avaliar as condições de mercado, as taxas oferecidas pelo Tesouro Direto na data da disponibilidade dos recursos. Investir em títulos de taxa prefixada ou atrelados à inflação depende bastante da taxa ofertada. Quando deixamos o porto seguro da taxa pós-fixada, apostamos que a taxa Selic e as taxas de longo prazo vão cair e que a taxa negociada dificilmente será superada. Se o prêmio não for bom, não vale a pena comprar.

    No dia 21/11, o Tesouro Prefixado, com vencimento para janeiro de 2019, pagava juros de 11,71% ao ano, e o mais longo, janeiro de 2023, 12,01%. Como a Selic ainda está no patamar de 14% e a convicção de Maria em relação à recuperação da economia não é forte, considerou que não vale a pena arriscar.

    Maria decidiu comprar o Tesouro IPCA+, a antiga NTN-B Principal, que paga juros só no vencimento. Assim, não terá de se preocupar com o reinvestimento dos juros nem correr o risco de reinvesti-los a uma taxa de juros menor. Está interessada nos vencimentos mais curtos, maio de 2019, com juros de 6,30% ao ano além do IPCA e agosto de 2024, com juros de 6,16%. Vai diversificar a carteira de investimentos e ganhar uma excelente taxa de juros real.

    COMO ESCOLHER

    Tesouro Selic: compre nos períodos de incerteza ou expectativa de elevação da taxa de juros básica da economia. Bom para resgate a qualquer momento sem risco de perder.

    Tesouro Prefixado: indicado para quem acredita que a taxa pré-negociada será maior que a taxa Selic do período. Antes do vencimento, o investidor pode ganhar ou perder.

    Tesouro IPCA+: protege contra a inflação e preserva o poder de compra do capital investido. Paga a variação do índice de inflação (IPCA) mais uma taxa de juros prefixada. Antes do vencimento, o investidor pode ganhar ou perder.

    Para saber mais, consulte o site do Tesouro Direto.

    marcia dessen

    É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024