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    Márcio Rachkorsky

    Mordomias tipicamente brasileiras

    DE SÃO PAULO

    27/10/2013 01h30

    Nos últimos três anos, o valor do condomínio subiu mais de 30% na maioria dos prédios, com índices bem acima da inflação. Os aumentos foram impulsionados pelos dissídios coletivos dos funcionários e reajustes contratuais.

    Muitos moradores reclamam dos valores e culpam, injustamente, síndicos e administradores. Em alguns casos, de fato, faltam gestão e transparência na prestação de contas.

    Ocorre que nos acostumamos a algumas comodidades e pequenas mordomias que praticamente só existem no Brasil. Elas explicam, em parte, as altas despesas condominiais.

    Em outros países, os moradores acondicionam o lixo e levam para recipientes coletivos. Aqui, ensacamos nosso lixo e esperamos que o faxineiro o recolha, andar por andar, numa operação que mobiliza, nos condomínios grandes, um batalhão.

    Lá fora, os moradores são responsáveis por abrir o portão ou acionar o porteiro eletrônico. Aqui, temos uma portaria 24 horas e ficamos irados se o porteiro demora a agir.

    No exterior, os moradores de cada andar são responsáveis pela limpeza de seu hall e escadaria. No Brasil, reclamamos quando a faxina demora e esses locais ficam imundos.

    Noutros países, os moradores aproveitam as habilidades de cada vizinho e fazem uma autogestão administrativa e operacional. Aqui, as administradoras de condomínios executam todas as tarefas e para cada item de manutenção existe uma empresa contratada.

    É uma questão cultural e os moradores de grandes condomínios exigem cada vez mais comodidade, segurança e excelência nos serviços, o que custa caro e requer investimentos constantes.

    Desta forma, os condomínios geram milhares de novos empregos diretos e oportunidade para o crescimento de centenas de empresas de prestação de serviços.

    Ao chegarmos em casa, queremos descansar em paz, com o condomínio todo funcionando. E desejamos também pagar um condomínio justo, que não pese tanto no orçamento mensal.

    O primeiro passo para entender essa equação é participar das assembleias e cooperar de verdade com o síndico, com ideias, críticas e sugestões.

    márcio rachkorsky

    É advogado, especialista em condomínios. Presidente da Associação dos Síndicos de SP e membro da Comissão de Direito Urbanístico da OAB-SP. Escreve aos domingos,
    a cada duas semanas.

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