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    Márcio Rachkorsky

    Condômino investidor

    28/09/2014 01h30

    Nos últimos anos, em razão do boom imobiliário que vivemos no país, muitos pequenos investidores se aventuraram no setor e tiveram ótimos resultados financeiros.

    Os grandes investidores jamais deixaram de existir, mas passaram a disputar espaço com pessoas físicas que decidiram migrar para a rentável "poupança de tijolos". Falo da classe média, que apostou todas as fichas em imóveis na planta, para revender e aumentar o capital.

    Muita gente se deu bem e chegou a dobrar o capital investido. Outra fatia de pequenos investidores preferiu ficar com o imóvel e garantir renda com a locação.

    Mas o mercado desacelerou e, com preocupação, vejo a frustração de muitos pequenos investidores.

    Nas assembleias de entrega e instalação de novos condomínios, é comum e maciça a presença de "condôminos investidores". São pessoas que compraram, não conseguiram revender ou repassar a unidade e agora viraram condôminos, mesmo sem morar ou ocupar o imóvel.

    Semana passada, participei de uma assembleia em que 80% dos presentes declararam que não pretendiam morar no condomínio, mas alugar ou vender suas unidades. Tomara que o façam com brevidade, pois imóvel vazio gera despesa, principalmente IPTU e condomínio.

    Tenho notado que os interesses do condômino investidor, muitas vezes, colidem frontalmente com os do condômino morador. Eis que o investidor quer uma despesa de condomínio baixíssima, ao passo que o morador sonha com um condomínio funcionando plenamente, ainda que a despesa fique um pouco mais alta. Neste contexto, comparecer às assembleias do seu condomínio é medida de extrema importância, sobretudo para defender seus interesses.

    Sinceramente, não enxergo bolha ou crise na construção, como pregam os pessimistas de plantão, mas sim um reposicionamento do mercado.

    Trata-se de um período que requer cautela e planejamento, já que as construtoras fazem grande esforço para diminuir seus estoques de imóveis prontos, gerando boas oportunidades para os consumidores, que ainda acreditam na "poupança de tijolos" como uma forma robusta e segura de investimento.

    márcio rachkorsky

    É advogado, especialista em condomínios. Presidente da Associação dos Síndicos de SP e membro da Comissão de Direito Urbanístico da OAB-SP. Escreve aos domingos,
    a cada duas semanas.

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