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    Márcio Rachkorsky - Marcio Rachkorsky

    Morador deve evitar 'inquisição' sem evidências contra síndico

    16/07/2017 02h00

    Alberto Rocha/Folhapress
    São Paulo, SP, Brasil, 08-06-2017: Vista do 28o andar do edifício Bellagio, no condomínio Green Park em Alphaville. (foto: Alberto Rocha/Folhapress)
    Condôminos devem fiscalizar administradores, mas deixar de lado acusações sem evidência

    Ao longo dos últimos anos, a administração de condomínios evoluiu muito e novas ferramentas tecnológicas trouxeram mais transparência na gestão e pleno acesso dos moradores a contas e contratos.

    Em tempo real, qualquer condômino pode olhar balancetes, fluxo de caixa, saldos e atas. Ingenuamente, com tanto acesso às informações, imaginei que os conflitos estavam com os dias contados e que, finalmente, a paz reinaria nos condomínios. Estava errado.

    De forma preocupante, acompanho um aumento galopante dos conflitos, sobretudo gerados pela desconfiança de alguns moradores acerca da lisura dos síndicos. Em alguns casos, a desconfiança se justifica, porque existem administradores picaretas, que se julgam donos do condomínio e se negam a prestar contas. Mas, em sua maioria, os síndicos atuam de forma quase heroica, doando seu tempo e assumindo responsabilidades.

    Infelizmente, alguns moradores preferem, de forma cômoda e preguiçosa, insinuar que o sindico está roubando antes mesmo de analisar as contas, só pelo prazer de criticar. E, pior, contaminam outros moradores, fazem ilações, caluniam e difamam, por vezes se valendo do anonimato. Agem como verdadeiros inquisidores e logo encabeçam listas de abaixo-assinados para destituição do síndico, acirrando ânimos e polarizando o condomínio.

    O ambiente político do país explica um pouco esse fenômeno e todos precisamos ter cuidado com comparações e generalizações.

    Aos moradores que têm criticas à gestão, algo natural e saudável, a recomendação é buscar os esclarecimentos necessários junto a síndico, conselheiros e administradora, sempre documentando e formalizando suas duvidas. Levar as questões para a assembleia é um bom caminho e possibilitará a discussão em ambiente oficial.

    Aos síndicos, recomendo paciência, clareza ao dar informações, sempre com apoio jurídico, e humildade para recuar, rever procedimentos e corrigir rumos, acatando críticas construtivas. Aos que são atacados por inquisidores de plantão, recomendo firmeza e pronta resposta, levando os esclarecimentos para uma assembleia geral e, a depender da gravidade da acusação, sugiro a adoção de todas as medidas legais e judiciais cabíveis.

    Recentemente, acompanhei o projeto de um condomínio que criou uma ouvidoria, com dois moradores eleitos em assembleia, para ouvir criticas, ideias e sugestões dos condôminos, de forma impessoal, serena e construtiva. Uma bela ideia.

    márcio rachkorsky

    É advogado, especialista em condomínios. Presidente da Associação dos Síndicos de SP e membro da Comissão de Direito Urbanístico da OAB-SP. Escreve aos domingos,
    a cada duas semanas.

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