RIO DE JANEIRO - Reeleito ao mesmo tempo que sua amiga Dilma Rousseff, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), vem enfrentando, em nível estadual, dificuldades análogas às da presidente: está isolado em termos políticos, quebrado em termos econômicos e desmoralizado perante seus governados.
Como Dilma, Pezão sofre com o fogo amigo do PMDB –o que, no seu caso, é ainda pior, dado que é seu partido. Seu outrora aliado Jorge Picciani, peemedebista que preside a Assembleia Legislativa do Rio, classificou o governo fluminense como "muito fraco, sem unidade e sem direção" e disse que o governador "não tem a experiência necessária para governar nesse tempo de crise".
A reação de Pezão: "Não acho o governo fraco". Apesar da resposta contundente, os fatos comprovam que sua administração é mesmo fraca em ideias e em apoio político: recentemente, seu pacote de ajuste fiscal (que economizaria R$ 88 milhões, segundo divulgado) foi derrubado pelos deputados, inclusive os de sua base aliada.
Os reflexos da fraqueza já são nítidos nos hospitais em colapso, na insegurança generalizada, no sistema educacional cada vez mais precário.
Como se isso fosse pouco, sua decisão de atrasar mensalmente o pagamento do funcionalismo público faz com que ele esteja prestes a enfrentar uma greve geral.
A única vantagem que Pezão ainda tem em relação a Dilma é que não há ninguém pedindo sua substituição no cargo –isso apesar de a Lava Jato tê-lo colocado na mira e de o Conselho Superior do Ministério Público do Rio ter determinado a instauração de procedimento para investigá-lo por supostas irregularidades nos gastos com saúde.
Mas, abandonado por quase todos, o governador ficou a pé para correr atrás de uma recuperação que parece cada vez mais distante.
marco.canonico@grupofolha.com.br
Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve às quintas.