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    Marco Aurélio Canônico

    Já é possível ver os elefantes brancos da Rio-2016

    08/12/2016 02h00

    José Mariante/Folhapress
    Filas acabam na entrada do Parque Olímpico, mas situação ainda não é boa em alguns estádios
    Entrada do Parque Olímpico durante a realização da Olimpíada do Rio

    RIO DE JANEIRO - Um dos mantras mais repetidos por Eduardo Paes era o de que a Rio-2016 não deixaria "elefantes brancos" para a cidade. Menos de três meses após o fim do evento, tal promessa já se mostra furada.

    Alguns equipamentos eram claramente insustentáveis desde a concepção. Caso do campo de golfe, construído por US$ 19 milhões em uma área de reserva natural. O local é público, mas, como ninguém pratica o esporte no Brasil, é inútil. Sua manutenção gira em torno de US$ 82 mil mensais.

    Mesmo instalações para as quais havia algum simulacro de planejamento já começam a tomar a forma de paquidermes de concreto e metal. É o caso do Parque Olímpico da Barra. Ali, segundo Paes, a "criatividade" seria garantia de aproveitamento: parte dos estádios seria administrada por meio de uma parceria público-privada e outra parte seria desmontada e "transformada em escolas e ginásios em áreas mais pobres".

    Não é o que está se desenhando. A licitação para escolher a empresa que cuidará do local deveria ter acontecido em agosto, mas foi sucessivamente adiada. Uma única empreiteira se interessou, mas não cumpriu as regras do edital. Com isso, a prefeitura teve de contratar emergencialmente (ou seja, sem licitação) um gestor para o espaço por até três meses, ao custo de R$ 4 milhões.

    Ainda que ocorra até o fim do ano, a licitação já tem oposição declarada do próximo prefeito, Marcelo Crivella, que se espantou com a conta que herdará: R$ 166,5 milhões a serem pagos pelo município por obras de adaptação ao longo de três anos. A partir deste prazo, a prefeitura arca com parte das despesas de duas das arenas, gastando até R$ 382,7 milhões.

    Não dá para dizer que esse cenário é surpreendente. Mas os elefantes olímpicos cariocas cresceram muito mais rapidamente do que se podia supor.

    marco aurélio canônico

    Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
    Escreve às quintas.

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