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    Marco Aurélio Canônico

    Calote milionário da Rio-2016 ainda vai sobrar para os cariocas

    29/06/2017 02h00

    Celso Pupo-21.ago.2016/Fotoarena/Folhapress
    Bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no estádio do Maracanã, na noite deste domingo (21)
    Bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no Maracanã

    RIO DE JANEIRO - Quase um ano após a Rio-2016, ainda estão sendo descobertas falcatruas ligadas aos Jogos —de suspeita de compra de voto a desvios de dinheiro em obras—, e paira sobre a Prefeitura e o Estado do Rio uma conta de R$ 132 milhões.

    Esse é o valor que o Comitê Organizador (uma entidade privada, note-se) ainda deve a uma vasta gama de empresas e pessoas. A lista tem de fornecedores gigantes como a Microsoft a ex-funcionários que entraram com ações trabalhistas, passando pelos compradores de ingressos que acreditaram na conversa fiada do sistema olímpico.

    Conheço um desses, um cidadão que comprou entradas com antecedência e, meses depois, acabou não podendo ir a parte deles. Fez, então, o que os organizadores mandavam: usou o próprio sistema da Rio-2016 para revender os ingressos, em vez de agir como cambista.

    Elas foram revendidas, e o comprador receberia de volta o valor, R$ 7.500, em até 30 dias após os Jogos. Não só não viu o dinheiro até agora como foi forçado a entrar na Justiça e, mesmo lá, o comitê luta como pode para não pagar o que deve. Na mesma situação estão cerca de 130 mil pessoas a quem a Rio-2016 deve R$ 3 milhões em ingressos devolvidos.

    A conta do calote olímpico vai sobrar para os cariocas, já que Sérgio Cabral e Eduardo Paes se comprometeram, na época da candidatura, a cobrir as dívidas que o comitê deixasse. Apesar de se gabar de ter um orçamento estritamente privado, ainda às vésperas dos Jogos a organização precisou de socorro público, e recebeu —R$ 65,5 milhões da União e R$ 30 milhões da Prefeitura.

    A esta altura, imagino que já seja majoritária a visão de que a Olimpíada foi um péssimo negócio para o Brasil e para o Rio —para o Comitê Olímpico Internacional, por outro lado, foi excelente e lucrativo, como sempre.

    marco aurélio canônico

    Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
    Escreve às quintas.

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