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    Marco Aurélio Canônico

    Incapaz de controlar prisões, governo do Rio empurra problema para União

    02/10/2017 02h00

    Guto Maia-10.nov.2011/News Free
    RIO DE JANEIR.10 DE NOVEMBRO DE 2011- Ant¾¥nio Bonfim Lopes, conhecido como NEM da Rocinha, foi transferido da Pol¾-cia Federal no centro do RJ, para o pres¾-dio Bangu 1. Foto: Guto Maia / News Free *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    O traficante Nem, que era chefe do tráfico na Rocinha e hoje está preso em Rondônia

    RIO DE JANEIRO - Num país em que o percentual de presos provisórios —os que aguardam julgamento, a maioria sem nem ter sido condenada— é de vergonhosos 34%, não espanta que tentativas de corrigir distorções sejam criticadas.

    Foi o que se viu após a Defensoria Pública da União (DPU) recorrer ao STF para que detentos que estão há dois anos ou mais nas prisões federais retornem a seus Estados de origem. A notícia foi publicada pelo jornal "O Globo" na sexta (29) e causou reação imediata: o ministro da Defesa, o presidente da Câmara, o governador do Rio e mesmo alguns ministros do Supremo criticaram a ação da DPU.

    A lei diz que "a inclusão de preso em estabelecimento penal federal de segurança máxima será excepcional e por prazo determinado". O prazo é de um ano, "renovável excepcionalmente". Ora, tendo em vista que o Rio tem 55 presos que já estão sob guarda federal há mais de dois anos —e cinco deles, há mais de uma década—, não é possível falar em excepcionalidade.

    O que houve foi uma transferência de responsabilidade por parte dos governadores do PMDB fluminense, que empurraram seu problema para o governo federal e se fingiram de mortos, mantendo inalterada a desastrosa gestão das prisões do Rio.

    De resto, alguém acredita que federalizar parte do problema vai solucioná-lo? Como mostrou a recente guerra do tráfico na Rocinha, os presídios de "segurança máxima" da União tampouco são totalmente confiáveis –tudo indica que a ordem para que a favela fosse retomada partiu do ex-chefão Nem, diretamente de sua cela em Rondônia.

    A Defensoria certamente sabe que seu pedido não é exequível no momento atual. Ela parece ter buscado colocar o bode na sala, mostrando como o sistema federal foi desvirtuado por administrações incompetentes de alguns Estados.

    marco aurélio canônico

    Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
    Escreve às quintas.

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