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    Marco Aurélio Canônico

    Corrupção das empresas de ônibus custou caro aos usuários cariocas

    16/11/2017 02h00

    Julio Cesar Guimaraes/UOL
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 23-07-2013 10h53: faixa exclusiva de onibus na . Av. Nove de Julho, roximo ao tunel. ( Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress, COTIDIANO ) ***RESTRIÇÃO***
    Ônibus circulam no centro do Rio de Janeiro

    RIO DE JANEIRO - Depois da segurança e da saúde, a ruína dos sucessivos governos do PMDB no Rio chegou ao transporte. Logo ele, tão propagandeado como o maior legado da Olimpíada —já que os demais, ambiental e esportivo, revelaram-se rapidamente falaciosos.

    Pouca gente há de ter se surpreendido com a notícia revelada na terça (14) pela operação Cadeia Velha, da PF: entre 2011 e 2015, as empresas de ônibus do Estado destinaram R$ 500 milhões em propinas para comprar deputados estaduais e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.

    Com essa verba, a turma da Fetranspor fez a feira completa: aprovou leis que lhe favoreciam, aumentou tarifas sem comprovar seus custos operacionais, surrupiou os créditos não utilizados do Riocard e conseguiu incentivos fiscais que somaram R$ 138 bilhões, segundo os investigadores.

    A prisão de integrantes do esquema acontece em meio a uma das piores crises do transporte público do Rio. Acostumadas ao mundo irreal que a corrupção lhes comprou, as empresas de ônibus não racionalizaram suas operações e estão sendo pegas pela crise econômica e pela Justiça.

    Duas reduções no preço da passagem foram determinadas judicialmente desde agosto, porque os aumentos estavam além do acordado e sem contrapartida —a obrigatoriedade de colocar ar-condicionado em toda a frota, por exemplo, segue sendo ignorada.

    Segundo o sindicato dos motoristas e cobradores, mais de 5.000 empregos foram cortados entre janeiro e setembro deste ano e ao menos metade das empresas têm dívidas com seus funcionários. Uma "paralisação de advertência", por cinco horas, foi marcada para o próximo dia 21.

    Nesse cenário, voltaram a proliferar as vans, notórias por suas ligações com milicianos. É a coroação do caos.

    marco aurélio canônico

    Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
    Escreve às quintas.

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