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    Marco Aurélio Canônico

    O resgate da Urca

    28/12/2017 02h00

    Pedro Carrilho - 6.abr.2012/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 06-04-2012: Vista da praia da Urca, com edifício do Cassino da Urca; ao fundo, o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro (RJ). (Foto: Pedro Carrilho/Folhapress, TURISMO)
    Vista da praia da Urca, no Rio de Janeiro (RJ); ao fundo, o Pão de Açúcar

    RIO DE JANEIRO - Num ano de tantas más notícias para os fluminenses, é bom fechar a temporada olhando para coisas boas, pequenos milagres que dão esperança em meio ao caos generalizado. Por exemplo, o resgate da histórica praia da Urca.

    Situada dentro da poluída baía de Guanabara, ela voltou a ter águas frequentáveis graças a um programa de saneamento dos governos estadual e municipal, que durou alguns anos. Das 91 medições de balneabilidade feitas lá neste ano (quase duas por semana, portanto) pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em apenas nove a praia não esteve própria para o banho.

    O resultado é excelente não apenas em comparação com o passado recente da Urca, mas mesmo com outras areias mais badaladas no litoral carioca, como certos trechos de Ipanema, Leblon e Barra, que estiveram inutilizáveis por mais dias, em 2017.

    A praia também escapou do demofóbico rearranjo dos itinerários de ônibus da zona sul do Rio, que quase extinguiu o trajeto do 107, que liga a Central do Brasil —por onde chegam de trem os moradores da Baixada e dos subúrbios— à Urca, passando em frente à praia. Com isso, ainda é possível ver uma frequência bem mista naquelas areias, com muita gente que não vive no bairro e que se vale do ônibus para chegar ali.

    A região é buscada principalmente por famílias com crianças pequenas, por sua segurança —suas águas são plácidas, sua extensão é limitada (cerca de 100 m) e o bairro tem uma das menores taxas de criminalidade do Rio— e pela maravilha de cenário, aos pés dos morros da Urca e do Pão de Açúcar, com vista para o Corcovado e para o prédio do antigo cassino.

    A Urca mostra que, mesmo dentro de um grande fracasso —o da despoluição da baía de Guanabara—, podem surgir pequenas vitórias. A crença nisso é que o resta aos cariocas para 2018.

    marco aurélio canônico

    Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
    Escreve às quintas.

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