• Colunistas

    Saturday, 18-May-2024 17:53:07 -03
    Marcos Augusto Gonçalves

    Filme sobre Midani traz o Brasil de volta

    10/03/2015 11h53

    Contrariado e desanimado com tantas coisas que estão acontecendo no país, tive um feliz reencontro com o Brasil na noite desta segunda-feira. Um reencontro histórico, divertido, nostálgico e revigorante com aquele Brasil criativo, inteligente e talentoso que se revela na música popular. Fui a uma sessão para convidados do documentário "André Midani, do Vinil ao Download", de Andrucha Waddignton e Mini Kerti.

    O filme, na realidade, é um "corte" dos diretores feito a partir de material mais amplo que vai ao ar semanalmente, a partir desta terça, no GNT, em cinco blocos de 60 minutos.

    O documentário não se lança em experimentações formais e sacadas mirabolantes. Trata de maneira simples, mas engenhosa, de contar a trajetória desse homem incomum, hoje um jovem octagenário, por intermédio de encontros com diferentes grupos e gerações de artistas reunidos para conversar e rememorar episódios e canções que marcaram época.

    De lambugem, o filme desencava registros preciosos, como as lendárias apresentações da Phono 73 – um evento da indústria mais lembrado pelo encontro de Caetano Veloso e Odair José.

    Como se sabe, a vida acidentada de Midani, que nasceu na Síria e morou na França, de onde saiu para escapar da guerra da Argélia, se entrelaça com um período áureo da indústria fonográfica e da música brasileira. Ao todo foram nove almoços ou jantares em torno de um elenco de grandes estrelas. De Roberto Menescal, Marcos Valle e Carlos Lira a Moreno, Domenico e Kassin, passando por Erasmo, Gil, Caetano, Jorge Ben, Ney Matogrosso, Marisa Monte, Titãs, Barão, Paralamas...

    O papo e a edição costuram uma crônica sempre interessante dessas diversas fases da produção musical, num amplo, delicioso e informativo panorama histórico, entremeado por apresentações informais e pelas cenas de arquivo. Vemos desfilar imagens memoráveis de Raul Seixas, Elis Regina, Gil e Chico Buarque cantando "Cálice, Caetano e Mutantes no "Proibido Proibir"... e por aí vai.

    Alguns dos números gravados para o documentário já podem ser considerados antológicos –e não são poucos os momentos em que a potência artística, a energia, o destemor e a beleza comovem. Há muito o que rir, aprender e se emocionar.

    Que país é esse que produz tanta imaginação e encanto? Já estava me esquecendo dele. Foi ótimo te ver de novo, Brasil. Apareça sempre!

    marcos augusto gonçalves

    Foi editor da 'Ilustríssima'. É autor de 'Pós Tudo - 50 Anos de Cultura na Ilustrada' e de '1922 - A semana que Não Terminou'.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024