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    Mariana Lajolo

    Rivalidade de Cielo e Fratus é boa notícia para 2016

    18/12/2015 02h00

    O ídolo olímpico que busca se reerguer. O nadador veloz dono da segunda melhor marca do ano. O acirramento de uma rivalidade na prova que rendeu à natação brasileira seu mais importante feito. Mesmo antes de os atletas caírem na água, estes elementos tornam os 50 m livre uma das principais atrações da primeira seletiva para os Jogos do Rio.

    Primeiro porque marcam o retorno de Cesar Cielo a sua disputa favorita após uma temporada complicada. Ele buscaria o quarto ouro seguido na prova mais rápida da natação, mas esteve bem longe de seu melhor e, com dores no ombro, teve de deixar o Mundial. Após um trabalho de recuperação física, o campeão olímpico em 2008 só pôde treinar na água novamente em outubro. Seu retorno às piscinas acontece em uma competição emblemática: é o início do caminho rumo a 2016.

    Cielo já provou ser capaz de se reinventar. Foi assim quando enfrentou um julgamento por doping ou teve os dois joelhos operados. Respondeu com medalhas de ouro em Campeonatos Mundiais. O mesmo cenário se apresenta agora, com novos desafios.

    O primeiro deles estará na piscina ao seu lado.

    Bruno Fratus foi buscar nos EUA os detalhes que faltavam a seu treino, na mesma Auburn (Alabama) de onde Cielo saiu para conquistar sua medalha dourada. Na piscina da universidade norte-americana, atingiu a melhor forma física de sua carreira e a transformou em velocidade na água. Também sob orientação do técnico Brett Hawke, trabalhou detalhes preciosos, como o ajuste de sua largada.

    Na quarta-feira (16), Fratus mostrou de novo os frutos deste trabalho: nadou os 50 metros iniciais do revezamento 4 x 50 m em 21s37, melhor marca de sua vida, a segunda da temporada. Com esse tempo, teria conquistado a prata no Mundial deste ano, quando foi bronze. Estaria também no segundo degrau do pódio em Londres-2012.

    Com Cielo de volta e Fratus no auge, os 50 metros livre podem ser boa aposta de medalhas para a natação em 2016. E a consolidação dessa rivalidade deve servir de combustível para ambos.

    Não aquela rivalidade falastrona, de provocações baratas, mas sim a que te desafia dentro da água. Ter alguém em seu quintal que ameaça seu lugar no pódio é ao mesmo tempo incômodo e estimulante. Tanto Cielo quanto Fratus são movidos por esse tipo de sentimento. Os dois concordam, por exemplo, que um dos pontos fortes do programa de Auburn é que todos os dias os velocistas são colocados para competir uns contra os outros. E eles detestam perder até em treinos.

    O maior nome da natação mundial é um exemplo de como pode haver benefícios em uma ameaça caseira. Michael Phelps chegou 22 vezes ao pódio em Olimpíadas tendo como rival mais ferrenho o também norte-americano Ryan Lochte, seu amigo fora da piscina.

    A natação brasileira também já viu isso de perto. Fernando Scherer e Gustavo Borges protagonizaram quase uma década de duelos memoráveis e somam cinco medalhas olímpicas. Ao se aposentar, Borges resumiu o efeito da disputa que travaram: "Nossa rivalidade ajudou no crescimento do esporte no Brasil".

    Uma competição acirrada, com grandes resultados, torna o esporte mais atraente e divertido. E pode servir de incentivo a todos que querem brigar por vagas na seleção.

    Mariana Lajolo

    Escreveu até setembro de 2016

    Foi repórter e editora-adjunta de "Esporte". Cobriu a Olimpíada de Pequim-2008 e de Londres-2012, os Jogos Pan-Americanos do Rio-2007 e Guadalajara-2011.

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