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    Mariana Lajolo

    Difícil definir quem vence o embate imaginário Phelps x Bolt

    05/08/2016 02h00

    Dois atletas excepcionais, astros, que levaram suas modalidades a um novo patamar.

    Os Jogos de 2016 não verão Michael Phelps e Usain Bolt no auge de suas formas, imbatíveis, com aquela aura de deuses de 2008. Os dois se despedem das Olimpíadas no Rio.

    Os anos pesam, os rivais chegam perto, os ouros não são mais barbada. Mas eles continuam intocáveis. Difícil definir quem vence o embate imaginário Phelps x Bolt.

    Após auge, Phelps se afundou no próprio sucesso. Aposentou-se e voltou. Trocou o treino pelas festas, pelo pôquer e pela bebida. Fez bobagem. Encarou depressão e foi mandado ao "rehab".

    Voltou. Ainda veloz.

    Fez as pazes com o pai. Tornou-se pai. E construiu a narrativa do bom menino americano que dá a volta por cima por seu país e sua família. Não à toa, foi escolhido pelos atletas da delegação dos EUA como porta-bandeira na cerimônia de abertura.

    O homem fechado, calculista, que andava com fones de ouvido pela Vila Olímpica para não interagir com as pessoas agora pede para tirar fotos com Djokovic.

    Bolt já carrega consigo desde cedo a história de superação.

    O garoto pobre da Jamaica que ultrapassou as dificuldades por meio do esporte. Garoto que cresceu correndo e não abandonou o jeito brincalhão, bonachão, carisma puro.

    O astro que dribla quase toda a imprensa mundial e atende com exclusividade a uma repórter desesperada que fazia plantão em frente à porta de seu hotel no Rio e havia lhe escrito um bilhetinho pedindo uma entrevista.

    Na pista, o grandalhão mostrou que os altos também podem ser rápidos, compensando a dificuldade na largada para tirar do chão e erguer seu 1,96 m com passadas velozes e eficientes.

    Ganhou os 100 m e 200 m rasos nas duas últimas Olimpíadas e pode se tornar o primeiro tricampeão da história.

    Na piscina, Phelps fez o que parecia impossível. Ganhou oito medalhas de ouro em uma Olimpíada só, cumprindo um calendário de maluco que o deixava descansar, às vezes, apenas alguns minutos entre uma prova e outra.

    Nadou crawl, borboleta e medley (disputas que envolvem os quatro estilos). Cinco provas individuais e três revezamentos.

    O calendário doido não se resumiu a Pequim. Fez coisas parecidas em outras duas Olimpíadas. Na primeira, em Sydney-2000, tinha só 15 anos e ficou em quinto nos 200 m borboleta. Cinco meses após o evento, quebrou o recorde mundial da distância.

    Phelps é uma máquina de eficiência na água. Tem 22 medalhas (18 ouros). Ninguém chegou perto disso e duvido que verei alguém alcançar essa marca.

    Pelos números e pela longevidade, Phelps é o maior atleta olímpico de todos os tempos. Maior do que Bolt.

    Mas Bolt é muito mais legal.

    Mariana Lajolo

    Escreveu até setembro de 2016

    Foi repórter e editora-adjunta de "Esporte". Cobriu a Olimpíada de Pequim-2008 e de Londres-2012, os Jogos Pan-Americanos do Rio-2007 e Guadalajara-2011.

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